São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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Brasil x Europa

JUCA KFOURI

É dura a vida de colunista quase diário. É muito mais fácil informar que opinar. E hoje, véspera de decisão em Tóquio, é dia de opinar.
Quem gosta de futebol e não é gremista, meu caso, tem dito que a vitória do Ajax fica melhor para o futebol do esporte. Pode ser.
Impossível não lembrar da semifinal entre Brasil e Holanda na Copa de 1974. Ganhou o fantástico futebol holandês daquela época. E o Brasil ficou triste, apesar de gostar mais de futebol que a Holanda. Amanhã, como será?
Que o estilo brasileiro de jogar é muito mais agradável aos olhos que o europeu parece fora de discussão. Os europeus são os primeiros a reconhecê-lo.
Mas, nesta terça-feira, o futebol brasileiro será representado pelo mais europeu dos nossos clubes e o europeu, pelo mais brasileiros dos times da Europa.
O Grêmio não tem nenhum craque desses que fazem o torcedor sonhar em vê-lo com a camisa de seu time. Jardel, talvez, pela incrível facilidade que tem de fazer gols. Só que, entre ele e Ronaldo, por exemplo, certamente o jogador ficará com o segundo, que, aliás, joga no futebol holandês.
Já o Ajax tem uma porção. Kluivert, para ficar num só, é excepcional. Overmars, os gêmeos De Boer, Litmanen, Blind, enfim, o Ajax é uma constelação.
Tamanha que não perde há mais de 50 partidas, em jogos do Campeonato Holandês, bem mais fácil que o nosso, sem dúvida, mas, também, em partidas da Copa dos Campeões da Europa.
Por tudo isso, o Ajax é favorito, mesmo que se sabe que jamais um time brasileiro perdeu uma final em Tóquio. Mesmo quando quando se sabe que só o Flamengo decidiu lá como favorito diante do Liverpool, porque o próprio Grêmio contra o Hamburgo e o São Paulo, ante Barcelona e Milan, também não eram apontados como os vencedores.
Claro que ninguém via a diferença que se vê, hoje, entre Ajax e Grêmio, mais ou menos, por sinal, como a que separava o Milan do Vélez no ano passado -e deu Vélez, é bom, é ótimo recordar.
Sim, porque embora também ache que em dez partidas contra o Grêmio o Ajax deva vencer sete, o jogo de amanhã é único -e é só este que o time gaúcho precisa vencer para ser bi mundial.
Não cobre coerência, caro leitor. Estou torcendo para o futebol europeu, desta vez. Por mais que ache indiscutível a superioridade da escola brasileira. Pois quero ver a taça em Porto Alegre. E tchau!

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