São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 1995
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Bolsões de riqueza

Mais do que apenas um novo estudo a corroborar a lamentável e sabidamente péssima distribuição de renda do país, o "Mapa da Exclusão Social na cidade de São Paulo", elaborado pela PUC-SP e publicado ontem pela Folha, mostra também a má alocação dos serviços básicos, desde a rede de esgotos até oferta de vagas escolares.
O estudo qualifica, sob dez aspectos, as condições de vida da população em cada um dos 96 distritos da capital. E traz a público fatos pouco conhecidos e em certo sentido até inesperados.
É razoável esperar que uma megalópole de um país subdesenvolvido tenha alguns bairros muito bons, bolsões de riqueza nos quais a qualidade de vida é melhor sob quase todos os aspectos. Mas o "Mapa da Exclusão" evidencia também que determinados bairros onde residem populações de baixa renda dispõem de infra-estrutura superior em alguns aspectos a áreas consideradas ricas.
O revezamento entre déficit e ociosidade de vagas nas escolas de primeiro grau, por exemplo, não mantém correspondência com os indicadores relacionados à distribuição de renda.
Em Grajaú, bairro com o maior excesso da vagas escolares, 19,2% da população vive em favelas, cortiços ou casas improvisadas. No Alto de Pinheiros, onde apenas 1,7% habitam em domicílios considerados precários, o atendimento básico de saúde pública inexiste. Não bastasse a escassez geral, os recursos públicos ainda estão geograficamente muito mal distribuídos.
Apenas 7% dos chefes de família paulistanos têm um rendimento superior a R$ 2.000,00 mensais -resultado da pirâmide social nacional. Mas no Morumbi eles são 38,6% e em José Bonifácio, 0,38% -mostra da distribuição dentro de uma mesma cidade. O "Mapa da Exclusão" estampa em detalhe uma dramática desigualdade dentro da já terrível desigualdade.

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