São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995 |
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Forças Armadas defenderam demissão do presidente do Incra
RUI NOGUEIRA; SÔNIA MOSSRI
Os serviços de inteligência das Forças Armadas atribuem a Graziano a ordem para colocação de escuta no telefone de Júlio César Gomes dos Santos, ex-chefe do cerimonial do Palácio do Planalto. O caso não atingiu apenas a Aeronáutica, mas também Exército e Marinha. Todos esperavam que a demissão de Graziano acontecesse na semana passada, logo que o então ministro da Aeronáutica, Mauro Gandra, entregou o cargo. Gandra se exonerou para evitar o constrangimento de ter de deixar FHC decidir sobre a sua demissão. As Forças Armadas acreditavam que, com a atitude de Gandra, FHC ficasse à vontade para também demitir rapidamente Graziano. O presidente é o chefe das Forças Armadas, mas a demissão de ministros militares cria sempre um clima de instabilidade. O Exército, Marinha e Aeronáutica estavam impacientes com a demora de FHC em afastar Graziano, prolongando a crise. A cúpula das Forças Armadas também está irritada porque avalia que FHC tratou de modo diferenciado Gandra e Graziano. Os militares avaliam que Gandra acabou sendo sacrificado por FHC, em detrimento de Graziano. As Forças Armadas consideram que não pesava nenhum tipo de acusação contra o ex-ministro, que teve seu pedido de demissão aceito imediatamente por FHC. A escuta no telefone de Júlio César revelou que o ex-ministro da Aeronáutica passou um fim-de-semana na casa de José Afonso Assumpção, proprietário da Líder Táxi Aéreo e representante, no Brasil, da empresa Raytheon. A cúpula militar analisa que isso não representa nenhum ato irregular. As Forças Armadas estavam insatisfeitas com a demonstração de FHC de tentar preservar ao máximo o amigo Graziano. A Secretaria de Inteligência da Aeronáutica, atuando junto com o Exército a Marinha, fez chegar ao Planalto a participação de Graziano do Incra na operação da escuta. Existe consenso nas Forças Armadas de que a saída de Gandra daria chance a FHC para solucionar rapidamente a crise. Os militares comentam reservadamente que FHC enfrentou um desgaste que poderia ter sido evitado com a demissão de Graziano e do diretor-geral da Polícia Federal, Vicente Chelotti. Texto Anterior: Folha confunde frase de FHC Próximo Texto: Ex-ministro ganha jantar Índice |
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