São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
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Supercomissão só vai investigar contrato

RAQUEL ULHÔA
LUCIO VAZ

RAQUEL ULHÔA; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB decidiu limitar a supercomissão criada pelo Senado na semana passada para investigar todo o caso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). O partido passou a defender que a comissão analise apenas o contrato entre o governo brasileiro e a empresa norte-americana Raytheon.
Ao saber da articulação do PMDB, o presidente da supercomissão, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), perguntou: "Vocês acham que ele (o partido) está sendo corporativista?"
ACM reafirmou que o "grampo" do telefone do ex-chefe do cerimonial do Planalto Júlio César Gomes dos Santos será investigado. Perguntado se o ex-presidente do Incra Francisco Graziano seria o único responsável, respondeu: "Vocês poderiam estar melhor informados".
O balde de água fria nas expectativas dos trabalhos da supercomissão foi jogado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e pelo líder do partido, Jáder Barbalho (PA).
Os dois reuniram-se ontem com o relator-geral da comissão, Ramez Tebet (PMDB-MS), que saiu da conversa com um discurso diferente ao que vinha assumindo.
Tebet, assim como ACM, defendia a apuração de todos os episódios que envolvem o caso Sivam, inclusive o escândalo da escuta telefônica.
Após reunir-se com Sarney e Barbalho, o relator mudou de idéia: disse que a competência do Senado era decidir sobre o pedido do governo de autorização para contrair empréstimo de R$ 1,4 bilhão do Eximbank para a instalação do Sivam.
"O importante é a licitude do projeto", afirmou Tebet. "A nossa comissão não é uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)".
O líder do PMDB defendeu a necessidade da implantação do Sivam na Amazônia e disse que a competência do Senado limita-se a analisar o empréstimo. "Questão de tráfico de influência deveria ser tratada por uma CPI ou pelo Ministério Público", disse.
Para Barbalho, "se houve pecado, ele é original". Ele acha que o problema surgiu quando o então presidente Itamar Franco, depois de ouvir o Conselho de Defesa, decidiu dispensar a licitação para contratar a Raytheon.

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