São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
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Passeata ataca violência com música

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

A trilha sonora da caminhada Reage Rio fará uma espécie de retrospectiva musical dos últimos 60 anos, principalmente com músicas que falam da cidade.
Marcada para começar às 17h de hoje, a passeata pretende reunir 1 milhão de pessoas no centro do Rio em protesto contra a violência.
Entre as músicas selecionadas estão "Comício em Mangueira", "Copacabana", "Garota de Ipanema", "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores" ("Caminhando") e "Do Leme ao Pontal".
O ato será encerrado com "Cidade Maravilhosa", de André Filho, hino da cidade do Rio.
Além de músicas, o sistema de som será utilizado para transmitir as mensagens que, em forma de faixas e cartazes, serão levadas pelos manifestantes.
O som da caminhada será transmitido por carros de som de sindicatos. Os carros ficarão estacionados ao longo da avenida Rio Branco, local da manifestação.
A caminhada será encerrada com um show que inclui desde raps que falam de favelas e violência policial até canções que exaltam a beleza do Rio.
Entre os raps está o "Rap da Felicidade", que reivindica o direito de andar tranquilamente pelas favelas. Logo depois, o coral do Instituto Pio 11 cantará músicas como "Valsa de uma Cidade".
Os responsáveis pela Embaixada da Paz (uma ONG, organização não-governamental) levarão para a avenida Rio Branco o "sino da paz", que tem 250 kg. Seu badalo foi feito com metal tirado de balas de conflitos de diversos países.
Durante a manifestação irão também repicar os sinos das igrejas que ficam nas proximidades da avenida Rio Branco.
Ontem, o governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), voltou a criticar as ONGs.
As críticas começaram na semana passada, a partir da descoberta de cocaína na Fábrica de Esperança, projeto social apoiado por organizadores da Reage Rio (leia texto nesta página).
Alencar afirmou ser necessário fiscalizar as ONGs, já que algumas "encobrem propósitos pouco honestos". O palácio da Guanabara -sede do governo do Rio- anunciou a criação de um grupo de trabalho para investigar a atuação das ONGs.
O presidente da Abong (Associação Brasileira de ONGs), Silvio Caccia Bava, afirmou que as entidades não temem nenhum tipo de fiscalização.
Caccia Bava disse, porém, que Alencar, com suas declarações, quer desviar o assunto, já que, como governador, cabe a ele controlar a polícia e garantir a vida e a cidadania no Estado.
A idéia de organizar uma caminhada contra a violência no Rio nasceu quando a cidade enfrentou três sequestros em um único dia.
No dia 25 de outubro, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Filho, Marcos Chiesa e Carolina Dias Leite foram sequestrados. Vieira Filho continua em cativeiro.
Contando somente até o fim de outubro, o Rio teve, neste ano, 87 sequestros. De acordo com a polícia, há, atualmente, oito pessoas sequestradas na cidade.

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