São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
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Líder sérvio ameaça com carnificina

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, afirmou que haverá uma "carnificina" se ele ou qualquer outro sérvio forem presos pela Otan sob a acusação de crimes de guerra.
"Se eles tentarem me prender ou a qualquer um de meus cidadãos haverá uma carnificina", disse em entrevista publicada pelo jornal francês "Infomatin".
Karadzic se referiu a uma das cláusulas do acordo de paz rubricado em Dayton, que prevê sua saída e de seu comandante militar, Ratko Mladic, do poder.
Ambos foram acusados pelo tribunal da ONU em Haia (Holanda) que apura crimes de guerra praticados no conflito na ex-Iugoslávia.
"Minhas decisões e ordens sempre foram conhecidas publicamente", afirmou. "Tenho certeza de que meu exército não cometeu atrocidades."
Ele disse que os sérvios da Bósnia estão dispostos a realizar investigações, identificar possíveis culpados e julgá-los.
Karadzic também repetiu a ameaça feita no domingo, de que Sarajevo vai se tornar a "Beirute da Europa" se for reunificada sob governo muçulmano, como determina o acordo de paz.
O mediador da União Européia para a ex-Iugoslávia, Carl Bildt, atribuiu pouca importância às declarações de Karadzic. Ele afirmou que o mais importante é que o presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, aceitou o acordo.
O ministro das Relações Exteriores da França, Hervé de Charette, disse que a assinatura do acordo de paz deve ocorrer no dia 11 de dezembro em Paris.
Um deputado ultranacionalista do Parlamento sérvio disse ter provas de que Milosevic cometeu crimes de guerra durante o conflito.
Branislav Vakic, chefe de uma unidade de franco-atiradores, disse que está disposto a depor no tribunal de Haia contra o presidente.
Um grupo de mulheres sérvias se reuniu durante o fim-de-semana no cemitério de Vlakovo, perto de Sarajevo.
"Defendemos nossos lares com nosso sangue e nossos filhos. Não deixaremos nossas casas ou nossas sepulturas", disse uma delas.
"Cada soldado que sair de Ilidza (subúrbio sérvio de Sarajevo) deixará para trás sua família. Que vida eles terão sem seus homens, que segurança?", afirmou Lesko Kovac, representante dos veteranos de guerra sérvios.
O porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Refugiados afirmou que pode haver êxodo de sérvios que vivem em Sarajevo.
"Tem havido tanta hostilidade e tanto ódio que não acho que eles correrão riscos. Eles sairão", disse o porta-voz Kris Janowski.

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