São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
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Balanços, ora balanços

A economia brasileira é vítima frequente de paradoxos.
Assim, embora nos últimos meses a política econômica tenha levado a uma moderação do crescimento econômico, os balanços de nove meses de 1995 já enviados às Bolsas revelam que continuam em crescimento as vendas e os lucros das empresas, ainda que em ritmo menor frente a 94. Paradoxo nº 1.
Ao mesmo tempo, nos últimos meses as mesmas Bolsas onde são negociadas ações dessas empresas tiveram uma performance sofrível, para dizer o menos. Paradoxo nº 2.
O primeiro paradoxo talvez possa ser explicado pelo fato de que um bom número de empresas, especialmente as que são precificadas em Bolsas, procuraram adaptar-se ao novo ambiente de concorrência maior e preços mais estáveis aumentando a produtividade, introduzindo inovações de produtos e tentando ampliar o crédito.
De fato, o mesmo estudo feito pela consultoria Austin Assis mostra que o endividamento (dívida com bancos, fornecedores e com impostos) cresceu de 42% nos primeiros nove meses de 94 para 57,9% no mesmo período de 95.
O segundo paradoxo também poderia ser explicado pela brutal concentração de negócios, nas nossas Bolsas, com papéis de estatais. Assim, a privatização lenta ou notícias sobre a política econômica deprimem as Bolsas mesmo quando as empresas privadas não vão tão mal quanto se supõe.
Entretanto, a pesquisa mostra também que o resultado das empresas tem sido cada vez pior. Não haveria, portanto, paradoxo, mas premonição. Os mercados acionários se deprimiram por antecipação. Quanto aos balanços, ora, os balanços...

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