São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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Cassinos pagam viagem da comissão de jogos

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Associação Espanhola de Cassinos financiou a viagem do relator da Comissão Especial de Jogos e Cassinos, Aracely de Paula (PFL-MG), e mais quatro deputados a três cidades da Espanha em outubro. Aracely apresentou ontem relatório propondo a reabertura de cassinos no Brasil.
Durante seis dias, no início de outubro, os quatro deputados visitaram cassinos em Madri, Barcelona e Marbela. Os cassinos pagaram as passagens aéreas, a hospedagem em hotéis cinco estrelas e refeições nas casas de jogos.
A assessoria de imprensa da Câmara disse que a Casa não pagou nenhuma despesa dos parlamentares. Já o deputado Ivo Mainardi (PMDB-RS), que integrou a comitiva, afirmou que a Câmara pagou quatro diárias de US$ 350 a cada parlamentar.
Os cinco deputados viajaram a convite de Pedro Sigsmundo, representante da Associação Espanhola de Cassinos. Ele acompanhou os trabalhos da comissão e convidou os 30 deputados integrantes a viajar à Espanha.
Membros da comissão procuraram esconder que os cassinos financiaram a viagem. Ivo Mainardi disse inicialmente que os próprios deputados pagaram as despesas.
O presidente da comissão, Homero Oguido (PMDB-PR), afirmou que o convite havia sido feito por Sigsmundo, mas disse que não sabia informar quem havia coberto as despesas. Pressionado, Mainardi confirmou que os cassinos haviam pago as despesas.
"Eles pagaram as passagens e os hotéis, além das refeições feitas nos cassinos. Nas refeições de meio-dia, nós pagamos a conta."
O parecer de Aracely propõe a abertura de, no máximo, três cassinos em cada Estado. A regulamentação do funcionamento e a autorização da abertura ficariam a cargo dos Estados e da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo).
O presidente da comissão, Homero Oguido, disse que os deputados optaram por não entrar em detalhes da regulamentação dos cassinos para evitar uma discussão mais prolongada sobre o assunto.
Oguido disse que considera normal a visita dos membros da comissão à Espanha, mesmo com as despesas pagas pelos cassinos, que têm interesse na abertura de filiais no Brasil. Mas disse estar preocupado com a repercussão do fato.
"Nós já estávamos sendo pressionados por todos os lados. Agora, a Igreja também vai fazer a sua pressão. Espero terminar os trabalhos até o final do ano."

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