São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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Governistas vão a FHC defender fim do Sivam

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O contrato assinado pelo governo com a empresa norte-americana Raytheon para a implantação do projeto Sivam, de vigilância da Amazônia, pode ser a próxima vítima da crise política desencadeada pelo "grampo" nos telefones do embaixador Júlio César Gomes dos Santos.
A avaliação é de parlamentares da direção dos partidos aliados ao governo no Congresso e será transmitida hoje ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC ouvirá que a maior crise de seu governo até agora só será estancada com a abertura de uma licitação para a instalação de radares na Amazônia.
São dois os motivos pelos quais os líderes dos partidos governistas passaram a considerar o projeto militar "insustentável".
O primeiro deles está na origem do Sivam: a decisão do ex-presidente Itamar Franco (1992-1994) de dispensar a licitação pública para a escolha da empresa responsável pelo projeto.
A proposta partiu do Ministério da Aeronáutica e da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) e foi acatada por Itamar Franco em julho do ano passado.
À época, o principal motivo alegado para a dispensa foi a necessidade de manter sigilo num assunto de segurança nacional.
O segundo motivo é mais recente. Data de 27 de maio de 1995, já no governo FHC. Trata-se do contrato assinado com a Raytheon depois que a Esca (parceira brasileira no Sivam) foi afastada do projeto por fraudar a Previdência Social.
O contrato transferiu à empresa norte-americana recursos destinados ao gerenciamento do Sivam, inclusive para a produção de programas de computadores (os softwares). A Raytheon também teria garantido autonomia para contratar obras de infra-estrutura.
A Folha apurou que o governo insiste em manter o contrato no valor de US$ 1,4 bilhão assinado com a Raytheon para pôr em prática o Sivam. Para o contrato sair do papel, falta o Senado aprovar o financiamento externo do projeto.

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