São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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Exposição resgata três décadas de Tamayo

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

Está em cartaz na Cidade do México uma retrospectiva da obra de Rufino Tamayo, pintor nascido em Oaxaca (sul do país), considerado o principal sustentáculo da arte contemporânea mexicana.
Inicialmente impressionista, Tamayo (1899-1991) foi o maior crítico da denominada escola mexicana, mas não negou sua "mexicanidad". "Muito pelo contrário", afirma a crítica de arte Raquel Tibol. A escola mexicana, cujo maior representante era Diego Rivera, separou-se da academia tradicional com base em objetivos anticolonialistas.
A mostra, em cartaz no Centro Cultural de Arte Contemporânea da Cidade do México, traz mais de cem quadros e gravuras, todos das três primeiras décadas de atividade de Tamayo (1920-1950).
Em "Duplo Retrato de Rufino e Olga" (1934) e "Venus Fotogênica" (1935), Tamayo retrata sua mulher Olga, com quem viveu dos 35 anos até sua morte, aos 91. Nos quadros estão retratadas as obsessões do artista: cavalos, pássaros, mulheres nuas, lâmpadas e relógios. As duas últimas têm explicação lógica. Tamayo dava aulas de desenho durante o dia, portanto pintou a maioria de seus quadros à noite, na companhia de um relógio e lâmpadas.
Influência
Apesar de Rivera e Frida Kahlo serem mais conhecidos e melhor cotizados no exterior, foi Tamayo quem construiu a base da arte contemporânea mexicana.
A obra de Tamayo sempre esteve orientada por sua própria intuição criativa, ao contrário de Rivera, quem punha grande carga ideológica em seus quadros.
Os elementos que mais caracterizam a arte contemporânea mexicana -cores fortes, abstracionismo e temas do "realismo fantástico"- estão muito mais ligados a Tamayo que a Rivera. Ambos pintores nunca foram amigos, mas também não foram inimigos, como sustentam alguns teóricos.
A exposição fica na capital mexicana até dezembro e, no ano que vem, irá a Monterrey e EUA.

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