São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Equipamentos modernos ajudaram Brasil a criar sua 'estética da fome'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Quando o Cinema Novo surge no Brasil, vem escaldado pelo fracasso da experiência industrial da Vera Cruz, entre os anos 40 e 50. Tem a seu favor novas condições de produção: as novas câmeras, que impulsionaram a Nouvelle Vague, ensinou que já se podia filmar com equipamentos leves e custos menores.
O Neo-realismo italiano ensinara que se podia fazer filmes em outro padrão que não o hollywoodiano. Em lugar do grande espetáculo, tratava-se, agora, de mostrar o homem brasileiro tal como era, nos lugares e nas condições em que vivia.
Com Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha à frente, funda-se a "estética da fome", isto é, em linhas gerais, os critérios estéticos que norteiam a produção de um país pobre.
Com Mário Carneiro, a câmera sai do tripé. Glauber Rocha consagra a frase célebre: uma câmera na mão e uma idéia na cabeça. Trata-se de buscar a escrita fílmica de um país que busca o desenvolvimento industrial e encara seus problemas e desequilíbrios sociais.
O Cinema Novo abre caminho para as cinematografias do Terceiro Mundo, na América Latina e na África, em particular, aproveitando a maré baixa de Hollywood. Não faz um cinema de grande público, mas obtém prestígio mundial.
Com ele, expande-se a idéia que a Nouvelle Vague fixara e o cinema independente de Nova York (com John Cassavetes à frente), a Nouvelle Vague japonesa (Nagisa Oshima, Shohei Imamura) ou os chamados "marginais" brasileiros (a partir de 67) iriam reforçar: o cinema moderno funda-se sobre uma história e a capacidade de rever e criticar os filmes que compõem essa história.
(IA)

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