São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Suspeita ideológica sempre pesou sobre as produções de Hollywood

CÁSSIO STARLING CARLOS
DA REDAÇÃO

Se Hollywood desempenhou sem dificuldades sua parte no chamado "esforço de guerra" foi porque o uso do cinema como arma de propaganda não lhe era estranho.
Pelo menos desde "O Nascimento de Uma Nação" -clássico politicamente incorreto que David W. Griffith realizou em 1915 e que, por seu estrondoso sucesso, praticamente constituiu a indústria do espetáculo-, pesa a suspeita ideológica sobre Hollywood.
Em "O Nascimento de uma Nação", Griffith deu uma versão controversa da Guerra Civil, descrevendo os negros como criaturas selvagens e louvando os feitos pródigos da Ku-Klux-Klan.
Desde então o cinema americano não poucas vezes se utilizou da figura do vilão -em particular nos filmes de ação, nos quais a identificação da platéia com o herói é instantânea- para constituir no público a repulsa aos "inimigos da liberdade e da democracia".
Ao longo desses cem anos, o inimigo pôde adquirir faces concretas -como os nazistas- ou espalhar medo sob uma forma imaginária -como todos os monstros alienígenas que ameaçaram a civilização nos filmes de ficção científica dos anos 50.
Foi essa mutação que se verificou no pós-Segunda Guerra. Se os nazistas continuaram atuando como vilões -"Interlúdio", de Hitchcock, e "O Grande Segredo", de Fritz Lang, são exemplos-, a irrupção da Guerra Fria associou o mal ao grande terror vermelho do comunismo.
Os novos vilões protagonizaram inclusive momentos de bom cinema, como "Vampiros de Almas", de Don Siegel, "Intriga Internacional", de Hitchcock, e "Sob o Domínio do Mal", de John Frankenheimer. Mas tiveram fim melancólico sob os golpes do brutamontes Stallone nas séries Rocky e Rambo.
(CSC)

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