São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995 |
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Betinho critica governos do Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
"Estou de saco cheio. Se acham que a passeata não deu resultado, façam algo que dê. Dizem que não uni governo e sociedade. Não sou político com mandato para isso, nem pretendo ser", afirmou durante entrevista coletiva no Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Socioeconômicas), em Botafogo (zona sul do Rio). A passeata, contra a violência na cidade, reuniu cerca de 60 mil pessoas no centro anteontem à noite, segundo dados da PM. Sem apontar diretamente ninguém, Betinho respondia ontem a afirmações vindas do governador Marcello Alencar (PSDB), do prefeito César Maia (PFL) e do chefe de Polícia, Hélio Luz, sobre a falta de objetivos do movimento. Ele disse que o Reage Rio continua e tem objetivos claros, como a reforma da polícia e a urbanização das favelas cariocas. "A política vai além do modelo de governos e partidos. Queremos a participação do cidadão, e o Reage Rio mostrou que o Rio luta pela cidadania", afirmou. Woodstock O antropólogo Rubem César Fernandes, outro organizador da passeata, analisou durante a entrevista o caráter político do movimento relembrando uma experiência pessoal durante o festival de música de Woodstock, nos Estados Unidos, em 1969. "Eu estava numa reunião política com 20 pessoas, a 50 km de Woodstock, e não fui ao festival. Hoje penso se Woodstock não era muito mais político, num novo sentido", afirmou. Os organizadores do Reage Rio agendaram para esta semana contatos com o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Marcello Alencar sobre os projetos futuros. A idéia é conseguir do governo federal R$ 500 milhões para serem aplicados no Rio, mais o compromisso de utilização das Forças Armadas no combate ao tráfico de armas e drogas. Outros R$ 500 milhões são contabilizados a partir de verbas do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) já negociadas para projetos de urbanização dos governos estadual e municipal. 'Nas nuvens' Betinho disse que ficou emocionado com o número e a diversidade de pessoas na passeata, apesar da chuva. "Acordei nas nuvens." Antes do início da caminhada, ele afirmou que a chuva prejudicara a presença do público, mas que "uma pessoa na chuva vale por dez no seco". Rubem César disse que acreditou no sucesso do evento quando, sob chuva forte, olhou para a estação de trens da Central do Brasil e viu dezenas de manifestantes chegando com suas faixas. "Ali vi que já tínhamos conseguido muito", afirmou. Texto Anterior: Secretário da Saúde dá prazo a médicos em SP; O NÚMERO; Projeto troca imposto por bolsa de estudo; Unicamp examina restos de preso morto na PF Próximo Texto: Caminhada foi 'lúdica', diz Maia Índice |
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