São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Cresce resistência contra plano de saúde

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O CRM (Conselho Regional de Medicina) publica amanhã uma nota oficial convocando uma plenária sobre o PAS (Plano de Atendimento à Saúde) para o próximo dia 12. "Os médicos não devem aderir ao PAS", disse o vice-presidente do CRM, Henrique Carlos Gonçalves.
O Sindicato dos Médicos de São Paulo também continua recomendando aos servidores da prefeitura que não se associem às cooperativas. Sem a adesão dos médicos, a prefeitura terá mais dificuldades em implantar o PAS.
O plano prevê a transferência dos hospitais municipais para cooperativas formadas por médicos e funcionários sob licença da prefeitura. As cooperativas receberão mensalmente R$ 10,00 por morador cadastrado.
Para se cadastrar, é preciso comprovar residência na cidade.
"O PAS é um retrocesso para a sociedade", disse o vice-presidente do CRM. Gonçalves afirmou que o PAS limita o acesso à saúde.
"É um plano para 2,5 milhões em uma cidade com 10 milhões de habitantes", disse.
O secretário municipal da Saúde, Roberto Paulo Richter, rebateu a crítica. Ele disse que o PAS vai melhorar a qualidade dos hospitais, aumentando a procura pela rede municipal. "Hoje atendemos só a 20% da população por causa da baixa qualidade do serviço."
Na segunda-feira, expira o prazo que Richter deu para que os médicos de cada região da cidade procurem a sua respectiva cooperativa para se associar. O PAS vai dividir a cidade em módulos de atendimento.
"Tive uma reunião com os diretores das 16 cooperativas", disse Richter. Depois de segunda, qualquer médico da prefeitura poderá se associar a qualquer cooperativa, independentemente de sua região. Depois disso, os médicos aposentados poderão se cooperar.
"Eu poderia assinar o convênio com uma cooperativa que tivesse 20 médicos. Mas eu não quero isso", afirmou Richter. De acordo com ele, 900 dos 8.000 médicos da prefeitura já se associaram a alguma cooperativa.
Tito Nery, presidente do Sindicato dos Médicos, vem colocando em dúvida os números divulgados pela prefeitura.
"Acredito que a ameaça de transferir para outras unidades quem não aderir às cooperativas não vai dar resultado. Richter quer fazer pressão por intermédio da mídia", disse Nery.
"Acho que ele (Tito Nery) não representa os médicos de São Paulo", rebateu Richter.
Para Gonçalves, a prefeitura está ludibriando os médicos ao afirmar que os salários subirão com o PAS. "Qualquer plano de saúde só sobrevive com contribuições entre R$ 30,00 e R$ 50,00. Com R$ 10,00 por cadastrado, vão comprar remédios de terceira categoria."
"As cooperativas não objetivam o lucro. Com R$ 10,00 haverá folga. As portas da secretaria estão abertas para sugestões. O CRM e o sindicato não querem diálogo", disse Richter.

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