São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estrangeiro desconfia de balanço de bancos

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde a quebra do Econômico, em agosto, os bancos brasileiros começaram a receber visitas cada vez mais frequentes de seus sócios e parceiros no exterior.
Os visitantes querem saber como bancos que apresentam balanços tão bons, de repente aparecem quebrados.
O caso Nacional tende a reforçar esse problema. Como o Econômico, o Nacional apresentava vistosos balanços até a véspera da crise. Como o Econômico, o Nacional também colocava papéis no mercado internacional.
O Econômico, banco centenário, tinha uma presença já tradicional no mercado financeiro de Nova York. Colocava papéis e tomava empréstimos em associação com diversos bancos de prestígio.
Para avaliar o risco, executivos desses bancos estrangeiros consideravam essa posição tradicional e os balanços do Econômico, avalizados por auditorias internacionais e fiscalizados pelo Banco Central.
Hoje, esses executivos, em visita ao Brasil, passam boa parte do tempo fazendo perguntas sobre esses sistemas de controle. "Eles conversam dez minutos sobre o negócio e depois passam o tempo todo perguntando sobre a saúde dos outros bancos", conta Vagner Quitério, vice-presidente executivo do Banco Pontual.
Há um ambiente de desconfiança. Um dos principais reflexos disso é a dificuldade de colocação de novos papéis brasileiros no exterior de prazo de dois anos ou mais.
O mercado absorve títulos de curtíssimo prazo ou papéis endossados pelo governo brasileiro. Mas não absorve mais os papéis colocados por bancos privados.
Qual a saída? Executivos brasileiros acreditam que o BC precisa agir o mais rapidamente possível na busca de solução para bancos ainda em dificuldades e concluir o arranjo geral do sistema bancário. Em resumo, tomar as providências que permitam dizer que a crise está controlada e não haverá novas surpresas.
Incluem-se nessas medidas a introdução de novas regras de modo a tornar os balanços mais transparentes e mais fiéis. A desconfiança hoje prejudica especialmente os bancos eficientes e lucrativos.
Por mais que seus executivos mostrem os números, fica sempre uma sombra de dúvida entre os executivos estrangeiros. Os números dos quebrados também eram bons.
Por isso, segundo Quitério, foi muito boa a decisão do BC, tomada ontem, de responsabilizar as auditorias pelos pareceres que dão sobre os bancos que examinam. Vai na direção certa.
Redesconto
O BC reduziu ontem a taxa de redesconto -linha de socorro aos bancos- para empréstimos de 90 dias: baixou de Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) mais 6% ao ano para Selic mais 4% ao ano.

Colaborou a Sucursal de Brasília

Texto Anterior: Ex-funcionário alemão quer avião de Herzog
Próximo Texto: Alemães gastarão US$ 300 mi com meio ambiente
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.