São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995 |
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Se o Giovanni piar no Parque Antarctica...
MATINAS SUZUKI JR.
O Grêmio perdeu nos pênaltis. Há muita gente por aí dizendo que é injusto perder uma decisão tão importante como é o título mundial de clubes profissionais de futebol, em uma disputa por pênaltis. O brasileiro é engraçado. Há pouco mais de um ano o Brasil sagrava-se tetra campeão mundial de futebol nos pênaltis. País de memória fraca, o nosso. "O jogo foi ruim", me dizem os analistas do óbvio. Eu sussuro cá para a minha companheira gravata: e quando é que em decisão de um jogo só a partida é boa? O nervosismo, a cautela, o desejo de não perder maior até que o desejo de ganhar, costumam reprimir o espetáculo em jogos desse calibre. É lógico que há exceções. Sempre haverá a aula de futebol que o Milan ministrou ao Barcelona em 94, sempre haverá um Brasil goleando a Itália, como ocorreu na final da Copa de 70. Mas, tenho visto e revisto neste mundaréu sem porteira e nesta vida sem eira nem beira um montão de jogos decisivos. A cautela é muita, o espetáculo raro. "O Ajax não é nada daquilo", me dizem os profetas do óbvio, que só viram o Ajax no jogo da manhã de terça. Mas, que time no mundo pode, durante o jogo, trocar o líbero por um meio-campo, um lateral-esquerdo por um ponta-esquerda, inverter o lado dos alas, e continuar jogando como se nada tivesse acontecido ou alterado? O Grêmio vai para o desmanche. Se ficar o mito de um time violento, será injusto. Ele deveria ser lembrado por ter sido um time de disciplina tática, que se posicionava e marcava modernamente. O que chamou a atenção no Grêmio foi a ausência de condições físicas ideais em alguns jogadores, mais visível no Dinho e no Jardel, mas também em outros. O time se poupou no Brasileiro, foi com uma semana de antecedência para Tóquio. Deveria render mais fisicamente. Galvão Bueno é um excelente narrador: além de preciso, faz observações tecnicamente corretas e consegue o tom de dramaticidade que uma partida exige. Peca por excesso de bairrismo, mas isto não é tanto culpa dele, pois tornou-se uma característica das transmissões esportivas das TVs brasileiras. Mas, Galvão Bueno deveria se preparar mais para transmitir um jogo da importância de Ajax e Grêmio. Mostrou que desconhecia um time que está todos os domingos nas TVs pagas brasileiras. A Globo melhorou muito as suas transmissões de futebol, é bom que se reconheça. Até por isso mesmo, os erros de terça soaram como um retrocesso. Texto Anterior: Salário é o maior do país Próximo Texto: Tudo confirmado? Índice |
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