São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995 |
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No velho Japão, o cinema mudo falava
MATINAS SUZUKI JR.
Lembra-se do pianista tocando, ao pé da tela, nas projeções dos filmes mudos ocidentais? Pois bem, no Japão, esses pianistas eram substituídos por atores -só que atores muito especiais, que representavam com a... voz. O benshi dava viva voz ao cinema mudo japonês e é uma experiência impressionante. Um mesmo benshi faz, durante a projeção, a voz da criança, do velho, do homem, da mulher; chora, ri, grita, sussurra. É algo assombroso na história da arte deste século: é cinema e é teatro ao mesmo tempo. Na sua tradição, é moderníssimo: encontro da arte mecanizada, em série, como é o cinema, com o instante único, vivo e presente da representação teatral. Obra sem aura e com aura. É uma dublagem verdadeira, em tempo real, em carne e osso. No auge do cinema mudo japonês, as pessoas escolhiam um filme não tanto pelo diretor ou pelo ator, mas pelo benshi. Um grande benshi provocava filas imensas na porta do cinema. Vários dos grandes benshis japoneses vieram para o Brasil e aqui viveram e trabalharam. Além de reapresentar o benshi aos brasileiros, este ciclo da Folha, Fundação Japão e MIS oferece também a oportunidade de se conhecer o cinema mudo japonês. Cem anos de cinema, cem anos de Amizade Brasil-Japão: não haveria ocasião mais bacana para termos uma benshi entre nós. Definitivamente imperdível. Texto Anterior: Benshi revela a imagem falada Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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