São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995 |
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Gaitista Musselwhite cria o 'blues-forró'
SÉRGIO TEIXEIRA JR.
É só até hoje. Com seu "Forró Blues", Charlie Musselwhite faz sua última apresentação no Bourbon Street Club. Na música, que ele diz ter criado para homenagear o público brasileiro, Musselwhite canta -em inglês- todos os clichês de forró possíveis ("lá no nordeste do Brasil, "música e oração andam de mãos dadas", entre outros). O acordeão é a gaita cromática -aquele modelo maior, com uma chave do lado. O som é parecido com o da sanfona, porque ambos os instrumentos produzem as notas da mesma maneira: palhetas de metal, presas por uma das extremidades, que vibram com o ar. O baterista Tommy Hill, apesar da barulheira no acompanhamento -forró bom só tem bumbo-, tira o som de triângulo dos pratos. E o visual de Musselwhite ajuda. Calça e camisa pretas, cabelo grisalho preso atrás num rabinho e óculos de grau com lentes escurecidas. E um vozeirão meio meloso, meio canalha. Mas ainda bem que o show não é só forró. A base do repertório é seu último disco, "In My Time". Musselwhite, que troca de gaita pelos menos 20 vezes durante o show, abre com o boogie rápido "The Blues Overtook Me", do álbum "Ace of Harps". Outros destaques dão a "down" "Please Don't Think I'm Nosy" e a funkeada "Hear Me Talkin'", que fecha o show. Mas a melhor de todas -no CD e no show- é "Movin' and Groovin'" , um blues com levada jazzística. Musselwhite tira os mais diferentes timbres da gaita sem usar nenhuma distorção elétrica. É pura garganta. Parece que as notas aspiradas, especialmente as mais graves, estão ressoando numa caverna. Por isso e por ele ser (com Junior Wells e James Cotton) o grande gaitista sobrevivente da geração do blues de Chicago dos anos 50 e 60, vale a pena ver Musselwhite. Show: Charlie Musselwhite Quando: Hoje, às 22h Onde: Bourbon Street Club (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. 5561-1643) Quanto: R$ 25 Texto Anterior: Antunes mostra 'Transilvânia' em Santos e no interior paulista Índice |
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