São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Estatística; Tecnologia disponível; Métodos policialescos; Acima da lei; Elites; Triste realidade; Acupuntura

Estatística
"A análise de reportagem neste conceituado jornal, nos dias 14 e 17 de novembro de 1995, sobre estatística fornecida pela Secretaria de Segurança Pública, no período de janeiro a agosto, é de início uma meia verdade. A SSP não forneceu tais dados ao jornalista da Folha de S. Paulo porque não lhe fora solicitado pelo mesmo. Se o fosse, teria fornecido todos os dados até o dia 31 de outubro e, no caso de homicídios, até o dia 30 de setembro de 1995. Não há nem nunca houve interesse em omitir dados estatísticos. Sabe-se que as fontes não são confiáveis, pela falta de capacitação técnica na coleta desses dados e falhas de comunicação, por falta de tradição. A análise estatística requer comparações, durante períodos, que propiciem estudos e conclusões objetivas, utilizando-se de aspectos predeterminados e não de variáveis escolhidas ao sabor das conveniências. Na conjuntura social, há que acrescentar um fator de grande influência nos dados estatísticos: a credibilidade das instituições policiais. No caso dos crimes de sequestro, os dados existentes têm base nas queixas e investigações sobre o ilícito, denominado extorsão mediante sequestro. Alguns jornais do país mostraram números relativos a 1994, muito maiores que os da SSP. Serão vítimas que não fizeram suas queixas? Não havia credibilidade nas instituições policiais? Este conceituado jornal possui instituto de pesquisa, com pessoal altamente qualificado em análises estatísticas, que poderá realizar análise dos dados existentes. Certamente a busca da verdade prevalecerá sobre o mercantilismo muitas vezes vencedor, na ânsia de conquistar a própria sobrevivência."
Nilton de Albuquerque Cerqueira, secretário de Estado de Segurança Pública (Rio de Janeiro, RJ)

Tecnologia disponível
"Com respeito à reportagem 'Exposição não tira dúvidas técnicas' (24/11), em que registra as minhas preocupações com respeito ao Projeto Sivam, venho esclarecer que o Instituto Internacional de Integração de Sistemas (IIISis) já detém tecnologia para integração das informações de diversos bancos de dados. Conforme minha explanação na sessão do Conip, convidei a equipe do Projeto Sivam para visitar o IIISis para demonstrar a capacidade tecnológica do instituto e, assim, dar início ao processo de cooperação técnica entre o nosso Projeto Segurança Alimentar e o Projeto Sivam. O instituto é integrador das tecnologias de software desenvolvidas pelo New Jersey Institute of Technology, International Software Systems, Systems and Software Engineering Institute, University of California at Berkeley, Dortmund University -Alemanha, Institute for Software -Berlim/Alemanha, que com certeza já foram utilizadas pelos governos americano, japonês, alemão, entre outros."
Fuad Gattaz Sobrinho, pesquisador da Embrapa e secretário-executivo da IIISis (Campinas, SP)

Métodos policialescos
"Pela reportagem publicada pela Folha (27/11, pág. 3-1), verifica-se que o vereador Odilon Guedes quer extrapolar suas funções de parlamentar para converter-se em investigador de polícia, rasgando a Constituição no que se refere à independência entre os poderes. É preciso lembrar que em 1992 a então prefeita Luiza Erundina, com o apoio da Câmara, chegou a vetar a presença de auditor ou funcionário do Tribunal de Contas do Município nas dependências da prefeitura. Esta administração, ao contrário, tem suas contas transparentes e suas portas abertas para os poderes constituídos. O vereador Odilon Guedes é pessoa desqualificada para se auto-investir de guardião da moralidade pública já que na gestão passada acumulou seus vencimentos de vereador com outro de assessor do Anhembi e com mais um terceiro salário, como conselheiro da mesma Prodam que hoje ele pretende investigar com métodos policialescos. Se no Brasil os parlamentares virarem policiais que invadem repartições, o equilíbrio entre os poderes estará rompido para dar lugar ao arbítrio."
Adilson Laranjeira, assessor-chefe de imprensa da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)

Acima da lei
"A respeito da reportagem publicada dia 27/11, nesta Folha, sobre a falta de promulgação e publicação do projeto de lei de minha autoria 'que regulamenta o art. 23 da Lei Orgânica Municipal, onde especifica o livre acesso de vereadores às repartições públicas municipais', e que foi aprovado pela Câmara Municipal dia 6/9, temos a considerar: 1) as declarações do prefeito, através de sua assessoria, demonstram que ele pensa que está acima das leis e dos poderes quando não promulga e não publica lei cujo veto foi derrubado pelo Legislativo; 2) o presidente da Câmara, ao não cumprir o que determina a Lei Orgânica, apresenta uma justificativa descabida; 3) o assessor de imprensa de Maluf, ao invés de responder sobre as irregularidades constatadas pelo Tribunal de Contas do Município em relação às contratações da Prodam, mais uma vez me ataca de forma leviana. Esse indivíduo, por ter feito acusações mentirosas contra a minha pessoa, está respondendo a processo por crime de calúnia, injúria e difamação."
Odilon Guedes, vereador pelo PT (São Paulo, SP)

Elites
"Patéticas as considerações de Otavio Frias Filho sobre as elites (16/11). Porém, elas suscitaram uma inquietante curiosidade nos leitores da conceituadíssima Folha. Em qual dessas categorias -elite, classe dominante, povo- se inclui tão ilustre jornalista?"
Gilberto Motta da Silva (Curitiba, PR)

Triste realidade
"Num dia desses, ao passar pela rua Araújo, vi uma senhora (moradora de rua) escovando os dentes ao acordar. O triste é que a referida senhora usava a água que corria pela sarjeta. E pensar que houve um tempo em que imaginava que esses personagens habitavam apenas poesias de Manuel Bandeira."
Joaquim Santo Turim (São Paulo, SP)

Acupuntura
"Com relação à reportagem publicada na Folha do dia 3/9, sob o título 'Resolução obriga acupunturista a ser médico', temos a esclarecer que: resolução do CFM não é lei e que tornar a acupuntura especialidade médica é cercear o direito ao trabalho de 20 mil; legislar é atribuição do Congresso Nacional e tramita no Congresso o projeto de lei que regulamenta a profissão de técnico em acupuntura. Se ainda não existe a lei, a prática é livre de acordo com o art. 5º da Constituição."
Djalma Santos da Cruz, presidente do Núcleo de Acupuntura Integrada M.G. (Belo Horizonte, MG)

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