São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Angela Ro Ro despreza hits em novo show

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

Show: Minhas Coisas
Artista: Angela Ro Ro
Onde: Memorial da América Latina - Auditório Simón Bolivar (av. Mário de Andrade, 664, tel. 011/823-9611)
Quando: hoje, às 21h
Quanto: R$ 10

"Minhas Histórias", novo show de Angela Ro Ro, exibe duas peculiaridades: é centrado exclusivamente em composições próprias, mas exclui os maiores sucessos de mídia da cantora e compositora.
Assim, Ro Ro despreza hits próprios como "Amor, Meu Grande Amor" (faixa que a revelou, em 1979) e "Fogueira" (sucesso em 1983 na voz de Maria Bethânia).
Deixa de lado também canções de outros compositores que ela popularizou, como "Simples Carinho" (de João Donato e Abel Silva, gravada em 1982) e "Escândalo" (de Caetano Veloso, que ela lançou em 1981).
Não é uma atitude iconoclasta da cantora: "Meu maior sucesso é 'Só Nos Resta Viver', que está presente no show. Não quis dar as costas para os meus sucessos, só decidi desta vez não repetir músicas como 'Fogueira' e 'Amor, Meu Grande Amor', que eu sempre canto".
O show é, pois, povoado de canções -"Came e Case", "Isso é para a Dor", "Meu Mal É a Birita"- que apenas os fãs de carteirinha deverão saber fazer coro à voz rouca de Ro Ro.
"Minhas Coisas" marca também a volta da artista ao trabalho com banda. Após vários shows só com voz e teclados, montou agora uma banda de seis músicos, para "fazer uma coisa bem sacudida".
Diz que a velocidade do show a impede de se deter mais em histórias e anedotas -o que já se tornou marca de suas apresentações. "O show por si só já é picante o suficiente", justifica.
Mas deixa escapar que não faltará pimenta entre uma e outra canção, como na introdução de "Mares da Espanha", contando que se referia aos motéis com nomes espanholados do Leblon.
"A letra é literal. Fui caminhando pela praia até o motel onde minha musa estava com outra. Fiquei sentada a noite toda, morrendo de frio, apenas para ter o dissabor de ver ela sair. De manhã, ela saiu, e até me deu tchauzinho", conta. A música nasceu no dia seguinte.
O novo show -que acontece em São Paulo em apresentação única, no Memorial da América Latina-, mais elaborado que os "pocket shows" que ela vinha fazendo, é, segundo Ro Ro, tática de sobrevivência.
"Não tenho heranças, não tenho agenda de megastar nem cachês imensos. Preciso me virar pra pagar a obra que estou fazendo em casa, diz.
Projetos
Ro Ro promete, para 1996, novos trabalhos. Diz que grava novo disco, para o qual precisa se decidir entre dois projetos -e entre três gravadoras, segundo ela.
Um deles é dividir um CD, meio a meio, entre standards do jazz dos anos 30 e 40 (de Cole Porter, Gershwin e outros) e clássicos do samba da mesma época (de Monsueto Menezes, Wilson Batista, Geraldo Pereira, Noel Rosa). Outro é regravar, em estúdio, algumas de suas próprias composições.
Ela se anima ao falar de outro projeto: escrever um livro, já batizado de "Minhas Mulheres".
Avisa que não é uma autobiografia. "Quero aparecer como elo entre as pessoas que me tocaram, desde a vovó e a mamãe até as primas, vizinhas, namoradas".
Nenhum preconceito sexual: "Quem sabe depois eu faço 'Meus Homens', o segundo volume...", diz.
Tantas referências a "minhas" e "meus não representam", segundo ela, personalismo. "Melhor falar das minhas que das dos outros, não é?", finaliza.

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