São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995![]() |
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Greve na França já dura dez dias
VINICIUS TORRES FREIRE
Ontem foi o nono dia de paralisação total dos ferroviários e dos transportes públicos de Paris. Quase todo o funcionalismo (25% da força de trabalho do país) aderiu ao movimento. É o maior movimento de protestos na França em dez anos. Pesquisa realizada pelo instituto CSA e do jornal "Le Parisien" mostra que 66% dos franceses apóiam as paralisações. Estudantes e sindicatos convocaram uma jornada nacional de manifestações para a próxima terça-feira. Os primeiros sindicatos do setor privado devem aderir. As duas companhias aéreas do país, estatais, também decidiram aderir à greve. Na manhã de ontem, funcionários da Air France ocuparam a pista do aeroporto de Orly (Paris) por duas horas, impedindo os vôos. Trabalhadores da montadora de automóveis Renault, estatal, sindicatos de médicos, professores e dos funcionários do Banco da França decidem este fim-de-semana sua adesão ao movimento. É praticamente certa a greve nestas categorias. Os funcionários públicos protestam contra o plano de reformas sociais e econômicas do premiê Alain Juppé (conservador). Juppé quer reduzir gastos com seguridade social para diminuir o déficit público francês. Para tanto, pretende congelar o valor dos benefícios e modificar o regime de aposentadoria. O premiê francês planeja também abrir os mercados monopolizados pelas estatais. O movimento de protesto dos estudantes, que já dura oito semanas e paralisa 25% das universidades do país e mobiliza todas elas, reivindica mais verbas, mais professores e mais salas de aula, atualmente superlotadas. A assembléia nacional da coordenação do movimento estudantil votou pela greve geral ontem. As reivindicações politizaram-se pela primeira vez. Foram votadas moções de apoio a estudantes estrangeiros e desempregados, e foi exigida a libertação dos estudantes presos nos conflitos de anteontem com a polícia. Onze estudantes serão processados por participação em depredações. O partido de Juppé, o RPR, maioria no Parlamento, convocou ontem as associações de usuários de serviços públicos a se manifestarem contra a greve. As manifestações devem ocorrer hoje. Próximo Texto: Clinton reúne 100 mil na Irlanda Índice |
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