São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Clinton reúne 100 mil na Irlanda

OTÁVIO DIAS
DE LONDRES

Cerca de 100 mil pessoas reuniram-se ontem na praça central de Dublin, capital da República da Irlanda, para recepcionar o presidente dos EUA, Bill Clinton, no terceiro e último dia de uma viagem que deu novo fôlego ao processo de paz na Irlanda do Norte.
"Seu caminho é nosso caminho, nós queremos percorrê-lo juntos. Continuaremos a apoiar aqueles que assumem riscos pela paz", disse o presidente à multidão, que agitava bandeiras dos EUA e da Irlanda.
A viagem também deve ter efeitos positivos na popularidade de Clinton junto ao influente eleitorado norte-americano de origem irlandesa.
"Eu sei que a imigração de seu país para a costa do meu ajudou a fazer dos Estados Unidos uma grande nação", afirmou ele.
Durante sua visita, Clinton encontrou-se com o primeiro-ministro John Bruton e visitou o Parlamento da Irlanda.
"As pessoas da Irlanda do Norte querem paz. E terão paz", disse Clinton ao Parlamento. Ele prometeu apoio "político, financeiro e moral" ao processo de paz.
À tarde, Clinton tomou um "pint" (medida equivalente a cerca de 0,55 l) de cerveja num pub chamado Cassidy's, nome de sua mãe, no centro da cidade.
"Nunca pensei que um dia teria o prazer de servir um presidente norte-americano", disse Frau Ryder, dono do pub, fechado para receber Clinton.
Ele plantou uma árvore no jardim da residência oficial da presidente da Irlanda, Mary Robinson. À noite, participou de uma recepção, oferecida pelo governo do país, no Castelo de Dublin.
Ele foi o primeiro chefe de Estado norte-americano a visitar a Irlanda do Norte, onde a comunidade católica (28% da população) quer o fim do domínio britânico e os protestantes (42%) preferem continuar parte do Reino Unido.
Ambos os lados recorreram ao terrorismo nos últimos 25 anos, com um saldo de mais de 3.000 mortes. Desde 31 de agosto do ano passado, os grupos terroristas respeitam um cessar-fogo na região.
A viagem também pressionou os governos britânico e irlandês a impulsionar o processo de paz.
Ontem, ambos os governos enviaram cartas aos líderes políticos da Irlanda do Norte, católicos e protestantes, convidando-os para conversas preliminares a fim de pavimentar o caminho para negociações em fevereiro de 1996.
O processo prevê a criação de uma comissão independente que fará uma proposta para a deposição de armas em poder do IRA (Exército Republicano Irlandês), ligado aos católicos, e de grupos paramilitares protestantes.
Durante meses, o impasse sobre as armas paralisou o processo de paz na Irlanda do Norte.

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