São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Ex-ministro sul-africano é acusado por massacre

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O ex-ministro da Defesa da África do Sul Magnus Malan foi acusado formalmente ontem de planejar operações contra militantes do CNA (Congresso Nacional Africano) durante os anos 80, que culminaram no massacre de 13 pessoas em janeiro de 1987.
Outras 19 pessoas, entre eles quatro generais, um vice-almirante, seis oficiais do Exército, um coronel da polícia e o vice-secretário do Partido da Liberdade Inkatha, também foram acusadas.
Elas serão julgadas pela morte de 13 pessoas, a maioria mulheres e crianças. O massacre ocorreu em ataque paramilitar a casa de militantes do CNA em Kwamakhutha, na Província de Kwazulu-Natal, em janeiro de 1987.
Segundo os promotores, todos os acusados estariam envolvidos na Operação Marion -um programa militar de apoio ao Partido da Liberdade Inkatha nos anos 80.
Eles teriam sido responsáveis por "planejar, treinar, autorizar, fornecer armas e transporte, financiar e proteger contra prisão" grupos paramilitares do Inkatha.
A operação teria sido criada depois de discussões entre o atual ministro do Interior e líder do Inkatha, Mangosuthu Buthelezi, e dois oficiais do Serviços de Inteligência do governo segregacionista da África do Sul, em 1985.
Nas reuniões, teria sido acertado um esquema de proteção para o Inkatha contra ameaças do CNA, que estava na ilegalidade, e de um grupo aliado, a FDA (Frente Democrática Unida).
O ataque de 1987 seria parte da operação. Mais de 10 mil pessoas foram mortas em confrontos entre militantes do CNA e do Inkatha durante os anos 80.
Os promotores disseram que Buthelezi, ex-adversário do presidente Nelson Mandela, pode ser chamado a depor no caso.
Malan, ministro da Defesa entre 1980 e 1991, disse que é inocente.
Ele advertiu o governo de unidade nacional do presidente Nelson Mandela, liderado pelo CNA, que o seu julgamento por assassinato pode causar confusão política e econômica no país.
O julgamento dos 20 acusados deve ocorrer no dia 4 de março do ano que vem na Suprema Corte de Durban (leste do país). Todos pagaram fiança e estão em liberdade.

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