São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Caso Sivam não causa dano à imagem de FHC

Paulistanos desconhecem projeto e sabem do escândalo

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O caso Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) não provocou mudanças na avaliação que os paulistanos fazem do governo Fernando Henrique Cardoso.
Pesquisa do Datafolha, feita na última quinta-feira, com 640 moradores da capital paulista, mostra mínimas oscilações -e dentro da margem de erro- no julgamento da gestão FHC.
Continua predominando a qualificação "regular", preferida por 46% dos pesquisados (contra 44% em 21 de fevereiro).
"Ótimo/bom" passa a ser a opinião de 35% (eram 32% em fevereiro). O governo é "ruim/péssimo" para 18%.
Uma comparação com um período mais recente dá resultados idênticos: para 62%, o governo continua igual como estava há dois meses. Uma minoria (22%) acha que piorou e 16% consideram que melhorou.
É mais lógico supor que a manutenção dos índices do governo se deva ao maciço desconhecimento do que é o Sivam.
Entre os paulistanos, 82% declararam ou não saber do que se trata ou deram respostas incorretas sobre o projeto militar . Só 12% acertaram plenamente, ao passo que 6% deram respostas apenas parcialmente corretas.
O desconhecimento é elevado mesmo entre os pesquisados com nível superior de educação: 61% deles não sabem o que é o Sivam.
O que, sim, despertou interesse no público foi o episódio do "grampo" nos telefones do embaixador Júlio César Gomes dos Santos, então chefe do cerimonial do Palácio do Planalto.
Três quartos dos pesquisados tomaram conhecimento do assunto. Uma maioria relativa (39%) achou positivo o desempenho do presidente nesse caso específico.
Já no episódio da demissão do presidente do Incra, Francisco Graziano, acusado de ter responsabilidade direta ou indireta no "grampo", há uma forte divisão de opiniões.
Só 38% concordam totalmente com a demissão. Outros 18% concordam em parte, mas 34% dizem discordar total ou parcialmente.
O julgamento relativamente positivo do presidente contrasta fortemente com a elevada porcentagem (85%) dos que acham que há corrupção no governo FHC.
A desconfiança em relação ao governo é disseminada por sexo, idade, renda, escolaridade e até entre os simpatizantes do PSDB (86% deles respondem que há corrupção).
Mais é algo maior entre os mais ricos (90%) e entre os de escolaridade superior (bate em 92%).
Outro item da pesquisa dá um certo benefício da dúvida ao presidente: só 36% dizem que FHC está bem informado sobre o que acontece em seu governo, contra 60% que preferem achar que ele está só um pouco informado (43%) ou nada informado (17%).
Lidos de outra forma, esses números poderiam indicar que o presidente está desinformado sobre a corrupção que os paulistanos enxergam em seu governo.
Consequência inevitável: 88% acham que o governo deve ter um serviço secreto de informações para investigar a atuação de seus próprios integrantes.

Texto Anterior: Senado deverá sugerir o fim do contrato ao presidente
Próximo Texto: Entenda como a pesquisa é feita
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.