São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995 |
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Crise do 'grampo' põe Sivam na berlinda Acusado de pedir a escuta, Graziano deixou o governo DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A crise do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia)e do grampo grudou no governo durante toda a semana passada e vai continuar nesta que se inicia.O projeto entrou definitivamente na berlinda depois da queda de Francisco Graziano da presidência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Seu futuro deve ser decidido nas comissões do Congresso e na reunião do Conselho de Defesa Nacional que o presidente Fernando Henrique convocou para esta semana. FHC balança na dúvida entre manter ou não o contrato de US$ 1,4 bilhão com a Raytheon, empresa norte-americana escolhida para implantar o projeto. A dúvida vem da pressão dos militares -com a Aeronáutica à cabeça- pela manutenção do Sivam tal como está e de parte do Congresso que, no extremo, pede que o processo todo seja retomado do zero. No centro do escândalo do "grampo" está a ação da Polícia Federal que, segundo o ministro Nelson Jobim (Justiça), apagou 20 horas e meia de escuta e deixou só uma hora e meia de gravação -13 conversas do embaixador. Graziano caiu exatos 20 dias após aparecer no fim da tarde de 9 de novembro no gabinete de FHC com um documento de aparência simplória, mas que se revelou uma bomba -suficiente para demitir, até agora, três auxiliares de FHC e um delegado da PF. O documento era um resumo do "grampo" telefônico feito com autorização da Justiça e levantava suspeitas de tráfico de influência contra o ex-chefe do cerimonial da Presidência, o embaixador Júlio César Gomes dos Santos. Investigações preliminares do Congresso, do Planalto, dos serviços de inteligência das Forças Armadas e de uma sindicância da PF também apontaram para Graziano como o autor do pedido de investigação de Júlio César. Tão atrapalhado quanto o pedido foi o serviço da PF. O ápice está confessado em relatório de Vicente Chelotti, diretor da polícia, entregue a Jobim. A PF, diz, usou fitas de 60 minutos, que só eram trocadas uma vez por dia, e mais perdeu do que gravou as conversas do embaixador. Texto Anterior: Papai Noel morreu... Próximo Texto: OPINIÃO DA FOLHA Índice |
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