São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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FRASES

Gilberto Gil, 53, cantor e compositor - "O que mais me marcou quando cheguei a São Paulo foi o cheiro de óleo. Toda a cidade tinha aquele cheiro. Depois, havia as obras. Estava tudo sendo reformado naqueles anos (67 e 68). As pessoas reclamavam muito das obras que nunca ficavam prontas."

Haroldo de Campos, 66, poeta - "Me lembro de visitar o Caetano no prédio da São Luís. Também me lembro de encontrar a Rita Lee e os Mutantes lá. Caetano vivia à noite. Toda a produção era feita à noite. Naquela época, a direita fascista e a esquerda stalinista se uniram contra a tropicália."

Guilherme Araújo, 59, empresário de Gil e Caetano - "Adorava São Paulo. Fui eu que tive a idéia e levei Caetano e Gil para ir morar na São Luís. Caetano se casou e foi morar com a Dedé dois andares acima do meu. Me lembro de que o apartamento era muito bem-decorado. Me lembro também do dia da prisão (dezembro de 68) de Caetano e Gil. Os policiais disseram que eles seriam levados para depoimentos e não voltaram mais. Foi quando tudo acabou."

Tom Zé, 59, cantor e compositor - "Demorei muito para conhecer essa cidade. No início, não ia a lugar nenhum que não fosse de táxi. Sempre achava que ia me perder. Me lembro de uma vez conversando com o Caetano e falando sobre a minha admiração com o movimento de carros na avenida Ipiranga às 2h da manhã."

Júlio Medaglia, 57, maestro - "Foi uma época incrível (67 e 68). Tudo acontecia junto. Ao mesmo tempo que fervilhavam acontecimentos políticos, também era um momento de grande agitação cultural. A coisa mais incrível nos baianos era a capacidade que eles tinham de captar as coisas no ar. Eram muito antenados. Lembro um dia em que estávamos no hotel Danúbio discutindo as faixas do 'Tropicália' e ouvimos a notícia da morte de Che Guevara. Foi quando Caetano teve a idéia de fazer 'Soy Loco por Ti América'."

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