São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Estabilidade tende a concentrar bancos

Ex-ministro prevê mudança no mercado

SILVANA QUAGLIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pequenos bancos de crédito tendem a desaparecer em função da redução das margens de ganho imposta pela estabilização da economia. A atividade será concentrada em grandes instituições.
Por ter certeza de que esse raciocínio está correto, o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega trocou sua consultoria, a MCM, pela vice-presidência do banco BMC, que já procura novos nichos de mercado.
"Em dez anos, a face do mercado financeiro brasileiro será distinta da de hoje", analisa Mailson. "Varejo será coisa para gente grande". Ele ressalta, entretanto, que a velocidade da transformação depende da preservação da estabilidade.
O BMC tira a maior parte de seus lucros das operações de crédito. Não tem rede nem tradição em operações com investimentos. Mas não por muito tempo.
"Crédito continuará sendo a vaca leiteira do banco por um bom tempo, mas começaremos a migrar para outras atividades", diz Mailson. Segundo ele, o BMC já busca parceiros no exterior para fortalecer sua posição como banco de investimento e em outras atividades.
"Por enquanto, estamos flertando", diz Mailson. Os olhos do BMC estão voltados para a Europa. Na quarta-feira da semana passada, a cúpula do BMC recebeu o representante de um executivo inglês para o almoço. Os nomes são mantidos sob sigilo.
Mailson aposta na consolidação do Real e prevê fim da reserva de mercado para bancos nacionais, desconcentração gradual de renda e crescimento de investidores institucionais.
A tendência, segundo ele, é o surgimento de três atores institucionais que movimentarão o mercado de crédito: fundos de pensão, gestores de fundos e seguradoras. Esses investidores têm US$ 9,5 trilhões nos EUA, para um PIB (soma das riquezas de um país) de US$ 6 trilhões. O conjunto no Brasil não chega a 40% do PIB (US$ 550 bilhões).
O fortalecimento desses atores será responsável pela geração de financiamentos de longo prazo.
Mailson prevê, ainda, a morte de instrumentos típicos de economias de inflação alta, como consórcios e cheques pré-datados.

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