São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Construtor procura área 'esburacada' para shopping

Henrique Falzoni quer montar empreendimento sem concorrência

EDUARDO BELO
DA REPORTAGEM LOCAL

O empresário Henrique Falzoni, 43, já está pensando em 1997. Ele procura, se possível em São Paulo, uma área "esburacada" para construir um shopping center.
"Esburacada", segundo ele mesmo, é uma região carente desse tipo de empreendimento. "Não quero enfrentar concorrência de frente", afirma.
Falzoni construiu o Shopping Penha, na zona leste de São Paulo, quando "nove entre dez pessoas apostavam contra e uma tinha dúvida" se valia mesmo a pena abrir esse tipo de negócio em um tradicional bairro operário, com comércio de rua tradicional.
Em um ano e meio, o empreendimento alcançou o que os empresários do ramo chamam de "maturidade", com um faturamento equivalente a um de dez anos, diz.
O shopping vai encerrar este ano vendendo US$ 200 milhões.
Com dois shoppings em construção e um em reforma, Falzoni quer adquirir uma área para trabalhar a partir de 1997. "Se eu não começar a me coçar agora, não vou ter o que fazer", calcula.
O empresário não diz se achou o que procura nem em que região gostaria de erguer sua "nova Penha". Mas dá uma pista: "O Tucuruvi, por exemplo, não tem shopping center. Aliás, toda aquela área para cima do rio (Tietê) só tem um (o Center Norte)".
Engenheiro civil formado em 1973 pelo Instituto Mauá, de São Paulo, Falzoni começou a carreira como estagiário em uma empresa de engenharia, da qual ele não se lembra o nome.
Seis meses depois, estava trabalhando para o grupo Forma Espaço. Saiu após dois anos, para abrir a JHS, em parceria com outros dois engenheiros.
Naquele ano, criou a Enplanta. Começou construindo quatro sobrados em um bairro afastado de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Em 1983 passou a comprar terrenos para erguer prédios residenciais e, mais tarde, comerciais. Construía e vendia.
Quatro anos mais tarde, incomodado com a idéia de ter de vender tudo que fazia, descobriu que era melhor ganhar dinheiro com uma obra pelo resto da vida.
Foi quando teve a idéia de construir shoppings. "Descobri que eu não era engenheiro. Era um criador de empreendimentos", diz.
A idéia básica é de que um prédio, residencial ou comercial, está sempre se desvalorizando. "O shopping é uma coisa que você pode melhorar sempre", diz.
O primeiro empreendimento começou a ser erguido em 1988, em Franca (401 km ao norte de São Paulo). Ficou pronto no final de 93. O segundo, o Penha, iniciado em 90, foi concluído em 92.
Hoje, 90% do dinheiro que entra vem da administração de shopping centers.
Além dos três em operação, a Enplanta constrói, atualmente, mais dois shoppings -um em Brasília, outro entre as cidades paulistas de Americana e Santa Bárbara D'Oeste- e está duplicando o de São Bernardo do Campo, que deve totalizar 200 lojas. O investimento é de US$ 35 milhões.
Filho de um industrial do setor químico que fatura US$ 20 milhões por ano, Falzoni odeia química e diz ter sido apenas um aluno mediano.
Atribui o sucesso à paciência e à capacidade de ouvir. É do tipo que dá carona para um office-boy para conhecer as críticas sobre a empresa.
(EB)

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