São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Não adiantam loucuras; os resultados não caem do céu

TELÊ SANTANA

O Campeonato Brasileiro está chegando na fase final. Antes de começar o torneio, poucos apostariam que Botafogo, Fluminense, Cruzeiro e Santos (ou Atlético-MG) seriam finalistas.
A maioria apostava no Flamengo ou no Palmeiras, que contrataram várias estrelas para disputar o campeonato.
Quem confiou no Flamengo, de Romário, Edmundo e Sávio, ou no Palmeiras, de Rivaldo, Muller e Cafu, perdeu a aposta.
Eu, particularmente, esperava mais do São Paulo. De qualquer forma, num campeonato difícil como o Brasileiro, vários grandes times ficam mo meio do caminho.
Apesar da nossa desclassificação, acho que o Brasileiro trouxe boas lições para todos nós.
O campeonato mostrou que futebol é conjunto. Não adianta você fazer loucuras, porque os resultados não caem do céu. Existe melhor exemplo do que a campanha do Flamengo?
É por isso que falei para os dirigentes do São Paulo para não entrarem em leilões para contratar jogadores.
Não vale a pena investir uma fortuna se o jogador não se enquadra no seu esquema.
O Brasileiro-95 está premiando os times com poucas estrelas, mas com peças adequadas, que formam um bom conjunto.
Neste momento, que antecede as semifinais, acho que Santos e Botafogo têm mais condições de se saírem bem do que Fluminense e Cruzeiro.
Esses dois últimos times se classificaram no primeiro turno e relaxaram no segundo. Muita gente teima em dizer que o relaxamento é natural, mas não é. Pode atrapalhar muito na reta final.
Quanto ao Atlético-MG, não estou dizendo que não tem chances. Pelo contrário. É claro que o Santos, com um ponto a mais, tem mais condições, mas, se o Atlético-MG se classificar, entra embalado nas semifinais. Entra mais embalado, pelo menos, do que Fluminense e Cruzeiro. E entra mais embalado, porque cresceu na reta decisiva, está com ritmo de jogo.
O Botafogo tem o Túlio e o Donizete; o Santos, o Giovanni e o Jamelli. O Jamelli, aliás, é cria nossa, um jogador inteligente, que ganhou mais personalidade no Santos.
Mas o ponto principal de Botafogo e Santos não é o Túlio, não é o Giovanni. É o conjunto, o futebol participativo. Está mais do que provado que futebol não é nome. Nome não ganha jogo.
Para as equipes desclassificadas, como é o nosso caso, a hora é de analisar os erros, mas sem entrar em desespero.
Afinal, não foi só o Trio de Ferro que ficou de fora, mas também o Flamengo, o Vasco, o Inter e o próprio Goiás, que fez boa campanha, apresentou um futebol equilibrado, mas caiu de produção no final e foi eliminado.

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