São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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De pés no chão

JUCA KFOURI
DE PÉS NO CHÃO

Menos difícil que o Flamengo, no Maracanã, que o Paraná, em Curitiba, que o Corinthians, que o Palmeiras, que o Botafogo. Só o Paysandu na Vila nem tão famosa -como quer a nossa Bárbara Gancia- parecia mais tranquilo.
Pegar o time campineiro no Pacaembu parece tarefa tão fácil, mas tão fácil, que lembra até a moleza que seria derrotar o Uruguai no Maracanã na Copa de 1950.
Você se lembra? Não??!! Nem eu. Mas nós sabemos o que foi aquilo.
Por isso, o jogo menos difícil do Santos é o mais perigoso.
Que o Santos é melhor que o Guarani ninguém discute, nem mesmo o mais fanático dos bugrinos (aliás, quem está melhor que o Santos hoje no futebol nacional?).
Outro parêntese: esse negócio de tirar o jogo do Guarani de Campinas e/ou o do Vitória contra o Atlético-MG de Salvador é típico de uma estrutura nada séria e amoral, é a cara da CBF e de sua gente.
O Santos tem bola, condições físicas e morais suficientes para derrotar o Guarani com menos dificuldade que o Galo diante do Vitória.
Entre outras coisas porque o Atlético passou a semana que passou.
Mas que o Peixe não conte com os ovos antes da galinha.
Porque Galo não bota ovos e Bugre é um índio traiçoeiro, desses que perde quando não pode e ganha quando não deve.
Parodiando Washington Olivetto, Don Giovanni tem hoje a obrigação de executar o Guarani, diferentemente de alguns dos jogos anteriores quando o Santos podia ainda ser considerado um azarão.
Menos mal que Cabralzinho descobriu a fórmula que une habilidade com humildade e que ao pôr o tan-tan-tan de Ayrton Senna para tocar hoje no vestiário cada santista saberá como cumprir com o seu dever.
O dever de manter aceso o sonho de sonhar o que parecia impossível antes de o campeonato começar.
O Santos agora é favorito. Não só para se classificar como até para ser o campeão, tamanha foi a superioridade que demonstrou diante do Botafogo e tão grande foi a queda técnica de Cruzeiro e de Fluminense, duas vítimas inconscientes das fórmulas sem sentido que todos aprovam antes para se queixar depois -para não falar do Palmeiras.
Bola de pé em pé. No chão.

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