São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Aids na escola

JOSIAS DE SOUZA

Na falta de melhor remédio, a vacina mais eficiente contra a Aids ainda é a informação. Nada mais eficaz no combate à doença do século do que a difusão de dados sobre os melhores métodos de prevenção.
Nesse contexto, vem aí uma novidade interessante: escolas públicas de dez Estados preparam-se para incluir em seus currículos, já em março do ano que vem, a disciplina educação para saúde.
Com a nova matéria, os alunos matriculados na rede oficial terão aulas sobre sexo e drogas. Desenvolve-se, no momento, a fase de treinamento dos professores. Sob a supervisão da Divisão de Aids do Ministério da Saúde.
O ministério fez uma pesquisa nas escolas. Descobriu um dado curioso: o professor de ciências não é, necessariamente, a melhor pessoa para falar de Aids aos alunos. Na maioria dos casos o perfil ideal é o do instrutor de educação física, em geral mais aberto, menos preconceituoso.
A pesquisa serve apenas como orientação. As escolas terão liberdade para escolher os professores. A idéia é passar para os alunos noções tão aprofundadas quanto possível sobre os malefícios da droga e sobre doenças sexualmente transmissíveis.
Inicialmente, as aulas atingirão apenas alunos adolescentes, de primeiro e segundo graus (13 a 19 anos). Em seguida, devem chegar também às crianças de 4 a 6 anos, de 7 a 9 e de 10 a 12, nessa ordem.
O projeto é financiado pelo Banco Mundial. A implantação se faz mediante assinatura de convênio dos governos estaduais com a pasta da Saúde. Já aderiram à mudança curricular os seguintes Estados: SP, RJ, MG, SC, PE, RS, BA, MA, MS e PR.
O treinamento dos professores será feito mediante distribuição de material didático, já realizada, e aulas via TV, ora pela Rede Brasil, de emissoras oficiais, ora via satélite, em postos da Embratel.
A igreja costuma insurgir-se contra iniciativas do gênero. Espera-se que não levante a voz agora. Aliás, antes que o faça, é bom que se diga: melhor ter professores falando de Aids na sala de aula do que padres tagarelando sobre religião. A prevenção à doença interessa a todos. O catecismo, só a alguns.

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