São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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EUA vêem Plano Real em ponto crítico

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A vitória da sociedade brasileira contra a inflação depende agora da capacidade de o presidente Fernando Henrique Cardoso ultrapassar a barreira política do Congresso às reformas constitucionais.
A avaliação é de Robert Rubin, 57, secretário do Tesouro (ministro da Fazenda) dos EUA. "A grande questão agora é o processo político das reformas", afirmou ontem em São Paulo.
Rubin se disse "impressionado" com o esforço e o número de horas dedicados pelo presidente FHC às manobras políticas para garantir a aprovação de todas as reformas no Congresso.
O dirigente norte-americano disse que o Plano Real é "muito bem fundado". Mas para seu sucesso a longo prazo, afirmou, as reformas fiscal, tributária, da Previdência Social, do Estado e as privatizações são essenciais.
Robert Rubin discorda, porém, das críticas de empresários e investidores estrangeiros, segundo as quais o andamento das reformas constitucionais estaria muito lento.
"Acompanhei reformas em vários países e sei que se trata de um processo que leva muito tempo para ser concluído", afirmou.
Rubin, que trabalhou 26 anos na instituição financeira Goldman, Sachs & Co., de Nova York, antes de ingressar no governo Bill Clinton em janeiro deste ano, disse que ninguém deve esperar que um programa de reformas da magnitude do Plano Real esteja concluído "da noite para o dia".
Ele afirmou que, na sua opinião, o Plano Real já fez muito progresso, principalmente em duas áreas: a substancial queda da inflação e a restauração da confiança da comunidade internacional de negócios no Brasil.
O secretário do Tesouro dos EUA passou cerca de 24 horas em São Paulo, vindo de uma conferência internacional em Buenos Aires, e voltou aos EUA às 12h30 de ontem.
No sábado à noite, participou de jantar com o presidente Fernando Henrique Cardoso e líderes empresariais na casa do empresário Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração do grupo Sadia.
Ontem, tomou café da manhã com representantes de bancos internacionais no Brasil, no Centro Comercial dos EUA, situado no Jardim Paulista (zona oeste), e visitou, das 10h45 às 11h45, as obras de urbanização da favela Comunidade 7 de Setembro, uma iniciativa que faz parte do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga, em Interlagos (zona sul). O projeto tem financiamento do Banco Mundial.
Rubin, com sua mulher, Judith, percorreu a pé as obras de saneamento na favela 7 de Setembro e conversou, com a ajuda de uma intérprete, com a líder comunitária Sueli Esteves Rodrigues, 42, e moradores.
O carpinteiro Francisco Chagas Félix, 54, quatro filhos, disse a Rubin que as condições de vida na favela melhoraram muito com a canalização dos esgotos e a construção de casas de alvenaria em lugar dos antigos barracos.

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