São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995 |
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Bridget Fonda faz 'Assassina' ter vida
INÁCIO ARAUJO
A rigor, um cinema de personagens vazios, compostos a partir de um ponto de vista estético, nunca humano. Neste sentido, "Nikita, o filme de Luc Besson, e seu "remake norte-americano, "A Assassina, são em parte a versão acabada de um projeto. Estamos diante, aqui, de uma rematada criminosa, prestes a ser executada (Bridget Fonda). Mas, de tão malfeitora que é, seus serviços acabam interessando a um serviço secreto. Com isso, a execução iminente é substituída por um simulacro. Em vez de ser morta, a jovem é reciclada, digamos assim. Isto é, "A Assassina" é uma espécie de "Robocop" da alma. Em vez de ser um policial morto reconstituído e transformado -com a ajuda do agente secreto Gabriel Byrne- num poderoso cyborg, Bridget Fonda é uma moça de quem é expelida toda a experiência anterior, para dar lugar a uma superagente. É interessante como este filme dirigido por John Badham concretiza o que o trio BBC formulou, mas nunca chegou a pôr em pratos limpos: para ele, o ser humano é sua função. Nos BBC, como em Badham, isso poderia ganhar uma abordagem crítica. Não é o caso. Tudo se passa como se estivéssemos no melhor dos mundos possíveis. Com uma contradição, apenas. Bridget, a notável representante da terceira geração dos Fonda, não parece disposta a assumir tão facilmente essa postura. Como se estivesse lá para contradizer o filme, ela injeta uma vida singular, única, ao personagem. Por acaso, isso acaba sendo o que ele tem -de longe- de mais interessante. (IA) Texto Anterior: Cultura apresenta Cervantes e negritude Próximo Texto: Caetano vai lembrar estadia em São Paulo nos anos 60 Índice |
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