São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Ipea aponta mudanças no crédito rural

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As novas fontes de recursos para o financiamento rural, que surgiram no Brasil a partir de 86, ainda são insuficientes para atender às necessidades do setor.
Essas fontes estão voltadas para a agricultura comercial e o crédito de curto prazo, com custos elevados.
Aos poucos, o modelo tradicional -ancorado no Tesouro Nacional e nas exigibilidades bancárias- vem sendo substituído por recursos do setor privado e, recentemente, dos governos estaduais e municipais.
A mudança foi causada pela redução drástica do volume de crédito rural oficial.
O setor privado está assumindo cada vez mais o financiamento do custeio, uma vez que a política oficial está voltada para o crédito de comercialização e de investimento. No custeio, o governo tende a priorizar os pequenos produtores. Essa realidade exigirá a diversificação de fontes.
Essas são as principais conclusões do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), ligado ao Ministério do Planejamento, no trabalho "Novas Fontes de Recursos, Propostas e Experiências de Financiamento Rural".
Na opinião dos autores -José Garcia Gasques e Carlos Monteiro Villa Verde-, a utilização de títulos como mecanismo de financiamento representa um avanço em relação às formas tradicionais de obtenção de recursos.
Além de não concorrerem com as fontes já existentes, esses títulos -Cédula de Produto Rural (CPR) e Certificado de Mercadoria com Emissão Garantida (CMG)- têm mobilizado um volume elevado de recursos. Somente no primeiro semestre deste ano, o valor atingido foi de US$ 3,5 bilhões, muito acima dos US$ 140 milhões do ano de sua implantação (1994).
O total de recursos captados pela CMG, nos primeiros seis meses de 1995, também foi superior aos US$ 2,7 bilhões desembolsados por todo o Sistema Nacional de Crédito Rural no período de janeiro a maio deste ano.
Os autores avaliam que ao deixar para o setor privado o financiamento do custeio -especialmente das commodities- e assegurar o crédito de comercialização, o governo quer reduzir os riscos da atividade.
"O crédito de comercialização permitiria uma melhor distribuição da oferta no tempo, evitando quedas acentuadas de preços".
O esgotamento das fontes tradicionais de financiamento vem ocorrendo há alguns anos. Hoje, quase a totalidade dos recursos para a agricultura provêm de três fontes: fundos de commodities, poupança rural e recursos livres dos bancos comerciais.

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