São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995 |
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Ipea aponta mudanças no crédito rural
LILIANA LAVORATTI
Essas fontes estão voltadas para a agricultura comercial e o crédito de curto prazo, com custos elevados. Aos poucos, o modelo tradicional -ancorado no Tesouro Nacional e nas exigibilidades bancárias- vem sendo substituído por recursos do setor privado e, recentemente, dos governos estaduais e municipais. A mudança foi causada pela redução drástica do volume de crédito rural oficial. O setor privado está assumindo cada vez mais o financiamento do custeio, uma vez que a política oficial está voltada para o crédito de comercialização e de investimento. No custeio, o governo tende a priorizar os pequenos produtores. Essa realidade exigirá a diversificação de fontes. Essas são as principais conclusões do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), ligado ao Ministério do Planejamento, no trabalho "Novas Fontes de Recursos, Propostas e Experiências de Financiamento Rural". Na opinião dos autores -José Garcia Gasques e Carlos Monteiro Villa Verde-, a utilização de títulos como mecanismo de financiamento representa um avanço em relação às formas tradicionais de obtenção de recursos. Além de não concorrerem com as fontes já existentes, esses títulos -Cédula de Produto Rural (CPR) e Certificado de Mercadoria com Emissão Garantida (CMG)- têm mobilizado um volume elevado de recursos. Somente no primeiro semestre deste ano, o valor atingido foi de US$ 3,5 bilhões, muito acima dos US$ 140 milhões do ano de sua implantação (1994). O total de recursos captados pela CMG, nos primeiros seis meses de 1995, também foi superior aos US$ 2,7 bilhões desembolsados por todo o Sistema Nacional de Crédito Rural no período de janeiro a maio deste ano. Os autores avaliam que ao deixar para o setor privado o financiamento do custeio -especialmente das commodities- e assegurar o crédito de comercialização, o governo quer reduzir os riscos da atividade. "O crédito de comercialização permitiria uma melhor distribuição da oferta no tempo, evitando quedas acentuadas de preços". O esgotamento das fontes tradicionais de financiamento vem ocorrendo há alguns anos. Hoje, quase a totalidade dos recursos para a agricultura provêm de três fontes: fundos de commodities, poupança rural e recursos livres dos bancos comerciais. Texto Anterior: Estiagem pode prejudicar as culturas anuais em SP Próximo Texto: Projetos no Congresso propõem subsídios Índice |
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