São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Projetos no Congresso propõem subsídios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As 32 propostas de financiamento do setor agrícola que tramitam no Congresso desde 89 repetem o modelo tradicional, onde o Tesouro Nacional é a principal fonte dos recursos para empréstimos e subsídios às taxas de juros.
Outra conclusão dos técnicos do Ipea é que muitos desses projetos de lei não indicam sequer a fonte de recursos, o que é inconstitucional.
"Essas propostas não têm consistência técnica e não levam em conta a realidade da economia brasileira", constatam os autores do estudo do Ipea.
É o caso do projeto de lei número 2.137, apresentado em 1991 pelo ex-deputado Rubens Bueno.
Ele propôs, como fonte principal de recursos, 30% do total das emissões da moeda nos três primeiros anos e de 15% nos anos posteriores.
Esta prática foi utilizada nos anos 60 e 70, quando as taxas de inflação eram baixas e o controle dos gastos públicos não tinha a importância atual, observam os autores do trabalho.
A preocupação maior dos congressistas é o endividamento agrícola, a ampliação dos recursos, o direcionamento para mini e pequenos produtores, a equivalência-produto e o tratamento diferenciado à Amazônia e ao Nordeste.
Outra proposta existente é a de Mauro Lopes, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que considera como mais provável de ser adotado no Brasil o modelo de livre mercado.
Esse modelo, sem subsídios, transfere o risco do setor rural para a sociedade pelos preços agrícolas, mas pressupõe abertura completa da agricultura.
Também prevê uma tarifa compensatória nos casos de subsídios e "dumping".
Mauro Lopes, porém, não considera a diferenciação dos produtores, ao contrário do modelo que vem sendo adotado pelo governo.
Segundo os autores, os banqueiros não têm divergido do encaminhamento dado pelo governo à política de financiamento rural, especialmente quanto ao uso dos recursos do Tesouro Nacional.
Eles concordam que a prioridade deve ser dada aos pequenos produtores e atividades específicas.
Por parte dos bancos federais e estaduais há consenso de que o governo deveria restringir sua atuação ao financiamento de pequenos agricultores.
Os bancos propõem a captação de recursos externos, devido aos custos mais baixos do que os praticados no mercado nacional.
As entidades ligadas aos trabalhadores rurais estão preocupadas em dar um tratamento diferenciado para a agricultura familiar e a patronal, sendo que esta última deveria pagar taxas de juros de mercado e se financiar com a venda de títulos nas bolsas de mercadorias.

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