São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Agricultor já questiona o esquema de proteção

JOSÉ ELI DA VEIGA
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE WASHINGTON

É profunda a divisão entre os agricultores dos EUA sobre a transição do setor para o século 21.
O sexagenário padrão protetor baseado no controle da oferta continua correspondendo aos interesses dos produtores de açúcar, amendoim, algodão, arroz e de boa parte dos produtores de leite.
Mas vem sendo cada vez mais rejeitado pelos produtores de cereais e oleaginosas.
Esse racha, estampado nos resultados da primeira rodada de negociações em torno da lei agrícola de 95, foi bem detectado por pesquisas de opinião.
Uma delas, conduzida pelas universidades de Purdue e Illinois, mostra uma crescente insatisfação com o padrão atual.
Aumentou o número de agricultores que desejam a remoção progressiva dos subsídios. Passou de 21%, em 80, para 41%, em 94.
Em pesquisa realizada no início de 95 pelo Centro Agroambiental do "The American Farmland Trust", 44% manifestaram-se a favor de uma transição gradual e 16% disseram preferir a abolição dos esquemas de proteção.
É óbvio que a ambivalente proposta republicana, embutida na chamada reconciliação orçamentária, reflete esse movimento.
A idéia de que as perspectivas do mercado internacional favorecem uma expansão da produção americana de cereais e oleaginosas estava presente nos dois principais projetos republicanos.
Com abordagens diferentes, ambos visavam reduzir as restrições de plantio, incentivando os agricultores a aumentar a área.
Menos evidente, mas muito mais significativo, é o pano de fundo, isto é, a base objetiva dessa mudança comportamental.
O aumento de 18% do consumo mundial de grãos, verificado entre 81 e 93, foi atendido por outros países, enquanto os americanos eram pagos para não plantar.
Por isto, estão cada vez mais confiantes de que podem expandir sua produção sem gerar outra vez o terrível GGG (global grain glut).
Estima-se que o controle da oferta tem feito com que os produtores de cereais e soja deixem de ganhar US$ 65 bilhões por ano.
Não será surpresa se o híbrido projeto republicano sair com poucos arranhões das barganhas que vão fazer com os democratas por força do veto presidencial.

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