São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995 |
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Deputado ataca mecanismo que permite apressar reforma agrária
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) disse ontem que o projeto de lei que trata do rito sumário nas desapropriações de terras, acelerando a reforma agrária, não irá passar na Câmara.Marquezelli é um dos líderes da bancada ruralista, que contabiliza o voto de 142 parlamentares. Segundo ele, o veto ao projeto é apenas uma das reações da bancada rural para tentar revidar o avanço das ocupações de terras. "Não vamos aceitar pacificamente esses insultos", disse o deputado paulista, referindo-se às invasões promovidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Ele voltou a repetir ontem que, a partir de janeiro, todos os fazendeiros e proprietários rurais serão orientados a contratar segurança armada para vigiar suas terras. Ele já havia feito tal afirmação na sexta-feira, em Pirassununga, onde esteve acompanhando o presidente Fernando Henrique Cardoso em solenidade militar. "Se a Volkswagen ou qualquer outra empresa pode ter seguranças armados, por que só o agricultor é que não pode ter?", questionou o deputado. Além de armar as fazendas e lutar contra o rito sumário, os ruralistas querem também aprovar o projeto do deputado Antônio Feijão (PSDB-SP), que proíbe que as terras "invadidas", sob qualquer pretexto, sejam desapropriadas para fins de reforma agrária. Nomes O presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Francisco Urbano Araújo Filho, disse ontem que estranhou a revelação feita no fim de semana pelo arcebispo de São Paulo, d.Paulo Evaristo Arns, de que o presidente Fernando Henrique Cardoso já tem o nome do sucessor de Franciso Graziano na presidência do Incra. "Ele não disse que iria ouvir todos os segmentos envolvidos na reforma agrária?", perguntou Urbano. O presidente interino do Incra, Raul do Valle, quer se encontrar com FHC nesta semana. "Vou ao Planalto buscar apoio político e financeiro. Tenho a mais profunda convicção de que não me faltará apoio. A reforma agrária é um programa prioritário do presidente FHC. E a troca de presidentes no Incra não obedece à revisão dessa prioridade. Por isso, tenho certeza de que não faltará apoio à execução desse programa", disse Valle. O presidente interino do Incra é hoje um dos principais alvos dos ruralistas. Próximo à cúpula do PSDB e com um passado de militante de esquerda, seu nome não tem trânsito entre os produtores. Texto Anterior: Roupa é preocupação da comitiva presidencial durante visita à Ásia Próximo Texto: Fleury deixa o PMDB, acusa caciquismo e deve ir para o PTB Índice |
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