São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Em carta, diplomata acusa colega

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

Antes de se matar, o embaixador Mauro Fonseca Costa Couto escreveu uma carta em que acusa o embaixador do Brasil em Amã (Jordânia), Fernando Silva Alves, de praticar as mesmas "irregularidades formais" que motivaram o afastamento dele (Costa Couto) da Embaixada do Brasil no Panamá em fevereiro último.
Costa Couto se atirou da janela do quinto andar do edifício onde morava, na Lagoa (zona sul do Rio de Janeiro), anteontem à tarde.
O enterro aconteceu às 17h de ontem no cemitério São João Batista (Botafogo, zona sul).
Na carta "aos amigos, à opinião pública e ao Itamaraty", divulgada ontem pela família, Costa Couto afirma ser inocente e que o suicídio foi a forma de "sublinhar" seu "protesto".
Ao acusar Silva Alves, um dos autores da denúncia, Costa Couto afirma na carta que não se aprofundaria mais no tema para "preservar" o Ministério das Relações Exteriores.
O embaixador havia sido posto em disponibilidade em função do inquérito do Itamaraty que apurava denúncias de que ele e dois auxiliares teriam se apropriado de US$ 1,5 milhão obtidos no câmbio negro pela Embaixada do Brasil no Iraque, onde esteve entre 88 e 90.
A carta é datada de 29 de novembro, mesmo dia em que o STF (Supremo Tribunal Federal) negou o mandado de segurança em que ele alegava cerceamento de defesa no inquérito do Itamaraty.
Costa Couto, que tinha 62 anos, também escreveu para a mãe, Julieta, 83, a mulher, Maria Lúcia, 60, e os filhos Mauro, 37, Sérgio, 35, e Pedro, 33, os dois primeiros diplomatas de carreira.

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