São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Viúva faz defesa contra acusações

DA SUCURSAL DO RIO

"Quantos ladrões até hoje já se mataram para provar sua inocência?", indagou Maria Lúcia Costa Couto, viúva do embaixador Mauro da Fonseca Costa Couto, durante o velório de ontem no Rio.
A pergunta representa a defesa de Maria Lúcia contra as acusações que levaram, segundo familiares, o diplomata a cometer o suicídio no último domingo.
Anteontem, Maria Lúcia afirmara que a troca de dólares no mercado paralelo é comum nas embaixadas brasileiras. "O Itamaraty inteiro faz caixa dois há mais de 50 anos", afirmou na ocasião.
O argumento foi repetido ontem no velório por diplomatas amigos de Costa Couto, como José Antonio Macedo Soares, 46.
"As embaixadas costumam não receber nada até abril. Ele (Costa Couto) adiantava dinheiro do próprio bolso", disse Soares, repetindo uma afirmação feita pelo embaixador morto na carta divulgada ontem e que tinha sido endereçada para o Ministério das Relações Exteriores.
O Itamaraty não mandou representante ao enterro. O chefe do escritório no Rio, Paulo Monteiro Lima, esteve no velório, mas disse que sua presença era exclusivamente "como amigo".
Sérgio Costa Couto, filho do embaixador, veio da Colômbia para o enterro. Disse ter tido o "pressentimento" de que o pai iria se matar. "Ele amava a profissão e se sentiu apunhalado."
Mauro, em missão na China, e Pedro, empresário em Corumbá (MS), não chegaram a tempo para o enterro. Estiveram presentes os embaixadores aposentados Baena Soares, ex-secretário geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), e Ramiro Saraiva Guerreiro, ex-ministro das Relações Exteriores do governo João Baptista Figueiredo (1979-1985).

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