São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

América Latina busca competitividade

DA REPORTAGEM LOCAL

Os processos de estabilização em curso na Argentina, Brasil e México provocaram um aumento de produtividade nesses países.
Agora, uma das prioridades comuns é reduzir ainda mais o custo de produção, segundo relataram ministros dos três países ontem, no seminário "Estabilização e Mercados Emergentes", realizado pela manhã no Centro Tecnológico Gráfico-Folha.
Malan abriu o seminário citando a queda nos índices de inflação do país. "A média da inflação neste ano será de 20%. Só em 73 e em 57, considerado o IGP-DI, tivemos inflação tão baixa", afirmou.
O ministro da Fazenda disse que o nível baixo de inflação "induz a duas interpretações equivocadas".
A primeira é que o governo estaria interessado só em combater a inflação. E que "já teria sido ganha a batalha contra a inflação".
Segundo Malan, os desafios para o Plano Real são semelhantes aos enfrentados por argentinos, mexicanos e chilenos.
"O meu amigo Domingo Cavallo consegue manter a paridade do peso com o dólar, em larga medida por causa do avanço da economia argentina, com o aumento da competitividade", disse Malan.
Como exemplo de diminuição dos custos para produção na Argentina, Domingo Cavallo relatou como se modernizou o sistema portuário de Buenos Aires.
"Em 90, com a reforma do Estado, começamos a privatização", disse Cavallo. O porto foi dividido por cinco empresas privadas, que competem entre si. O processo de venda demorou cinco anos para ser totalmente implantado.
José Julián Sidaoui, do México, disse que o país teve -devido à crise de dezembro do ano passado- uma queda no seu Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas) "nunca havida desde 1932".
Uma das formas de atrair investimentos será diminuindo a burocracia em serviços.
"As nossas alfândegas deixarão de ser arrecadadoras e se transformarão em mecanismos de incentivo à exportação", disse Sidaoui.
José Serra, ministro do Planejamento, encerrou o seminário. Disse que a estabilidade de preços é "a condição para que outros problemas possam ser enfrentados".
Segundo Serra, houve três mudanças na dinâmica da economia brasileira ao longo do Plano Real: 1) uma aproximação dos preços praticados no país e no exterior; 2) menor poder dos mecanismos que antes propagavam inflação (clima e reajuste de tarifas, por exemplo) e 3) flexibilização no mercado de trabalho -apontada por Serra como das mais importantes para reduzir o custo de produção.

Texto Anterior: CENAS
Próximo Texto: Meta é inflação de 5% ao ano
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.