São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Meta é inflação de 5% ao ano

MARTA SALOMON

De acordo com Serra, inflação de 20% ao ano inviabiliza saúde das empresas
Em São Paulo
O ministro do Planejamento, José Serra, calcula que a "luta" pela estabilidade de preços só estará concluída quando a inflação cair para índices abaixo de 5% ao ano.
Serra classificou de "inviável" para a saúde das empresas e "contraditório" com o crescimento sustentado da economia uma inflação de 20% ao ano, como o atual patamar de variação de preços no país.
A estabilidade nos preços ainda é, segundo o ministro, o principal desafio do Plano Real. "A estabilidade é um objetivo superior e anterior a todos os demais", disse.
O ministro listou outros seis desafios que deverão ser enfrentados pelo plano de estabilização: equilíbrio nas contas públicas; saneamento do sistema financeiro; uma boa safra agrícola; aumento das exportações e da entrada de capital estrangeiro; queda dos juros e conquista de maioria estável de votos no Congresso.
Serra atribuiu ao aumento de gastos públicos com salários a maior parte da responsabilidade pelo que chamou de "deterioração" nas contas públicas registradas durante o ano, ao lado dos gastos com pagamento de juros.
O ministro disse que o governo tem "margem de manobra" para reduzir gastos em 1996: "Não há possibilidade de resolvê-lo (o déficit) num estalo."
Serra também apresentou boa perspectiva para a safra agrícola. "A safra poderá não ser brilhante, mas está afastado o perigo de colapso na safra agrícola", disse.
Na avaliação que fez sobre o desempenho do governo no esforço pela estabilidade, Serra destacou a aprovação de reformas econômicas pelo Congresso. Ele disse que a abertura da economia é uma vitória do governo que terá desdobramentos no processo de privatização e no aumento dos investimentos.
Para levar adiante as reformas exigidas pelo programa de estabilização, o governo precisará manter a maioria de votos de que dispôs no Congresso neste ano.
Além das propostas de reforma que o governo enviou ao Congresso (tributária, administrativa e da Previdência Social), Serra defendeu mudar a legislação trabalhista.
A redução da jornada de trabalho -das atuais 40 horas semanais- deverá ser discutida por deputados e senadores, sugeriu o ministro, insistindo que o mercado de trabalho já mostra sinais claros de "flexibilização".

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