São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Moshe Gorban tira luz de concreto e ferro

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

Exposição: Moshe Gorban - Design e Luz
Onde: restaurante Aida (r. Mourato Coelho, 1.082, tel. 011/814-1975)
Quando: de hoje a 21 de dezembro
Vernissage: hoje, às 21h
Preços: entre R$ 60 e R$ 250

O designer Moshe Gorban, 49, abre hoje, no restaurante Aida, a primeira mostra individual de seus produtos desde 1979. O longo intervalo não significa porém inatividade do profissional, mas apenas mais uma faceta em sua sui generis trajetória.
Gorban chegou de Israel em 1976 para trabalhar em programação de computadores, atividade ainda incipiente no Brasil na época. Em 1978, abandonou a carreira para abrir um atelier de design. Expôs trabalhos em galerias como A Tenda e Múltipla e no Masp. Abandonou o design e partiu para a indústria têxtil e de cosméticos. Desiludido com os vaivéns da economia, voltou ao design.
Há dois anos, vem trabalhando em um ateliê na Vila Madalena, onde projeta e fabrica todos os componentes de suas criações. "Tenho ótima formação técnica e teórica. Manipulo tornos e soldas e também sei quais fios, molas e bitolas são necessários. Só a pintura eletrostática é realizada fora de meu ateliê", explica.
O designer não se preocupa com a dita necessidade eminente de industrialização do design nacional, mesmo que isso inviabilize uma produção em grande escala. Prefere curtir todas as etapas do produto, do projeto até a venda do produto. "Não me interessa ser um industrial. Quero sim é ter um belo ateliê e uma equipe bem-preparada", diz.
Produz luminárias, arandelas, porta-CDs, porta-revistas, mesas e cinzeiros, além de se dedicar a projetos de iluminação. Tira luz de ferro e concreto. Parece um judeu japonês. Trabalha com parcimônia nas linhas, formas e volumes.
Na luminária Lua, a simples bola de concreto -solitária- dilui seu peso ao emitir um facho de luz. A luminária Ademar lembra um ikebana ao combinar a bola de concreto, um tubo de alumínio e a luz.
Economia, simplicidade e limpeza são suas palavras de ordem. "As boas idéias estão nas coisas simples. Complicar a vida é fácil. O difícil é simplificar", diz.
Gorban não desperdiça nada. Do círculo de ferro que sobra na confecção da mesa Meia Lua saem os dois círculos e a base do porta-revistas (sem nome). Deste, sobra ainda um círculo menor, usado no cinzeiro Meia Lua.
A mostra de Gorban é a primeira do Aida. Depois deles, a proprietária e atriz Carina Cooper (do filme "Sábado" e da peça "Kean") mostrará em seu restaurante os brinquedos educativos e diferenciados de Dulce Vainer e Vivien von Siegert.

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