São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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França rejeita saída política para greves

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

"O governo não trabalha com a hipótese de um plebiscito ou de uma dissolução do Parlamento e do gabinete ministerial", disse ontem Alain Lamassoure, porta-voz do primeiro-ministro Alain Juppé, em relação às saídas políticas para a crise social.
A França entrou ontem na terceira semana de greves e manifestações contra as reformas de Juppé. A onda de protestos é a maior desde a de maio de 1968.
Os líderes da UDF, partido que divide o governo com o RPR de Juppé e do presidente Jacques Chirac, dizem publicamente que a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições são uma saída para a crise.
No RPR, o presidente da Assembléia Nacional, Phillipe Seguin, refuta a idéia de dissolução do governo. Seguin não quer colocar seu mandato em jogo no momento em que pode vir a ocupar o lugar de Juppé.
Juppé explicará hoje para os deputados sua posição diante da greve, quando se defender da moção de censura proposta pelo Partido Socialista, que não será aprovada. Juppé tem maioria no Parlamento.
A crise chegou a um impasse neste fim-de-semana. Ferroviários e metroviários, categorias que puxam a greve, se retiraram dos comitês de negociação.
As duas centrais sindicais que apóiam a greve, Confederação Geral do Trabalho (CGT) e Força Operária (FO), exigiram a retirada do plano para retomar o diálogo.
Chirac, que até ontem visitava o Benin, na África, disse que o "governo tem tempo e vai continuar as reformas". Juppé afirma que não retira seu projeto de mudança da Previdência Social.
A CGT, a FO e os estudantes universitários marcaram para hoje manifestações em Paris e em grandes cidades do interior.
Ontem entraram em greve os primeiros trabalhadores do setor privado, os caminhoneiros e portuários, e alguns sindicatos de taxistas. Professores, bancários estatais, hospitais e parte da administração direta começaram a parar.
Estão parados ferroviários, transportes públicos de Paris, parte dos eletricitários, da estatal de telecomunicações e dos correios.
Ontem, Paris teve 560 km de congestionamentos. O governo colocou em funcionamento um esquema de transporte com barcos no rio Sena e ônibus privados.

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