São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995 |
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Ex-chefe da SAE defende projeto e diz que problema é o 'clima' criado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O almirante Mario Cesar Flores, ex-ministro-chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) do governo Itamar Franco, depôs ontem na supercomissão do Senado que investiga o projeto Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) e defendeu o contrato firmado com a empresa norte-americana Raytheon."O processo todo foi correto, cuidadoso. Entendo que haja dúvidas técnicas e financeiras, mas o que não entendo é dizerem que o problema do Sivam é moral. Onde está o problema moral do Sivam? Esta é uma afirmação que precisa ser passada a limpo", disse Flores. Na sua opinião, o problema foi "o clima que se criou em torno do Sivam, que atinge gregos e troianos". Chefe da SAE na época em que o governo analisou as 11 propostas técnicas encaminhadas por empresas estrangeiras interessadas em oferecer os equipamentos para o Sivam, o almirante disse que a escolha da Raytheon foi feita por "critérios objetivos, técnicos". Segundo ele, as propostas foram abertas na presença de representantes das empresas interessadas. "Todo o ritual da lei foi cumprido, como se fosse uma concorrência normal", afirmou Flores. Segundo o ex-ministro, "chegou-se à conclusão de que o consórcio liderado pela Raytheon tinha que ser o vencedor por uma questão matemática, dos fatos". Pressões Flores disse que apenas dois consórcios apresentaram condições técnicas e financeiras exigidas para a implantação do Sivam -o liderado pela Raytheon, norte-americano, e o encabeçado pela francesa Thomson. O ex-ministro reconheceu que houve muitas pressões, por parte dos governos norte-americano e francês, em favor de suas empresas. Ele negou que tenha havido tentativa de suborno. "Se houve, nem fiquei sabendo", afirmou. Flores comparou os custos do projeto Sivam -US$ 1,4 bilhão- com as despesas com saúde existentes no Brasil. "Este é o gasto de dois meses do SUS (Sistema Único de Saúde) com internações hospitalares", disse. O ex-ministro começou a responder às perguntas dos senadores às 19h. Depois dele, estava previsto o depoimento do brigadeiro Marco Antônio Oliveira, coordenador da CCSivam (Comissão Coordenadora do Sivam). A supercomissão do Senado, presidida pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), começou ontem a segunda fase dos trabalhos, de análise técnica do projeto Sivam. Na primeira fase, foram ouvidos os envolvidos no grampo telefônico feito pela Polícia Federal na casa do ex-chefe do cerimonial do Planalto Júlio César Gomes dos Santos. Texto Anterior: Conselho de Defesa deve ratificar contrato hoje Próximo Texto: Delegado confirma que entregou fitas gravadas para agente da PF Índice |
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