São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
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Delegado confirma que entregou fitas gravadas para agente da PF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O delegado da Polícia Federal Mário José de Oliveira Santos, responsável pelo pedido de "grampo nos telefones do embaixador Júlio César Gomes dos Santos, assumiu ontem que entregou a fita com as gravações das conversas ao agente da PF Cláudio Mendes.
O delegado depôs nas Comissões de Defesa Nacional e Fiscalização e Controle da Câmara. Após o depoimento, disse que, ao entregar a fita, sabia que poderia ser demitido por falta disciplinar prevista no Regime Jurídico dos Policiais Federais.
Agentes federais que já prestaram depoimento à sindicância da PF informaram que o delegado pode ser demitido com base no artigo 383 do regime. Esse dispositivo prevê demissão no caso de "revelação de segredo que o funcionário conheça em razão do cargo".
Oliveira Santos afirmou que permitiu que a fita saísse do CDO (Centro de Dados Operacionais) porque o diretor-geral da PF, Vicente Chelotti, já tinha conhecimento dos fatos.
"Cláudio me disse que ia levar (a fita) ao presidente da República e eu pensei que até que enfim tiveram um impulso, que estivessem tomando providência", disse.
Segundo o delegado, a fita saiu do CDO em 9 de novembro e foi entregue a Mendes por outro agente, Marcelo Leite Braga, do CDO, que foi responsável pela escuta na Telebrasília. No CDO, Braga fez a seleção das gravações e o resumo das degravações.
"Aí foi o meu erro, afirmou o delegado no depoimento, ao reconhecer que ao entregar a fita e o resumo a Mendes cometera falta disciplinar, já que fez isso sem o conhecimento do diretor da PF.
Mendes entregou esse material a Paulo Chelotti, irmão do diretor da PF, e ex-assessor de Francisco Graziano, que revelou as gravações ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
O delegado reafirmou que a investigação foi motivada por denúncias anônimas de narcotráfico.

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