São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
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BC e Receita brigam por mudança na MP das fusões

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma proposta de alteração na MP (medida provisória) das fusões bancárias gerou nova briga de bastidores entre o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, e a diretoria do Banco Central.
A proposta, já apresentada no Congresso pelo deputado Francisco Dornelles (PPB-RJ), amplia os benefícios fiscais concedidos a bancos em processo de fusão ou incorporação. A MP será reeditada hoje, sem alterações.
Segundo Everardo disse a parlamentares, a equipe do BC apóia o projeto de Dornelles. A Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), segundo a mesma versão, quer estender os benefícios a todo o sistema financeiro.
A idéia é a seguinte: os bancos passariam a poder abater do IR o valor dos empréstimos considerados de recebimento duvidoso nos balanços, de acordo com os critérios aceitos pelo BC -assim créditos com atraso superior a 20 dias poderiam ser deduzidos.
As regras utilizadas pela Receita são muito mais rígidas: para calcular os créditos que podem ser abatidos, os bancos devem calcular a perda média dos últimos três anos em empréstimos sem retorno.
Neste ano, a política de juros e de restrições ao crédito do governo provocaram uma onda recorde de inadimplência, que afetou os balanços dos bancos. Daí o interesse das instituições em abater do IR.
Lobbies e pressões
O lobby pela proposta é sutil, na avaliação do senador Ney Suassuna, presidente da comissão que examina a MP das fusões bancárias. Ele decidiu convocar Maciel a depor na comissão no dia 14.
Já a pressão da Receita contra o novo benefício ao sistema financeiro é visível. Segundo a Folha apurou, tanto Suassuna como o relator da comissão, Benito Gama, além de outros parlamentares, foram chamados a conversar sobre o assunto com Everardo.
O secretário da Receita conseguiu pelo menos uma vitória. A equipe econômica acertou com os parlamentares que a MP será reeditada hoje sem modificações.
A disputa de bastidores confunde os parlamentares da base governista, pouco familiarizados com assuntos técnicos. Na hora de "vazar" as informações, eles acabam divulgando números errados.

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