São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
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Geoffrey Oryema se apresenta no Rio

MONICA MAIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O som do coração da África chega ao Brasil. O ugandense Geoffrey Oryema, um dos nomes da série de CDs "Real World", pilotada por Peter Gabriel, faz shows amanhã e sexta, no Jazzmania, no Rio.
Oryema, 42, vive exilado na França há 18 anos, depois que seu pai, ministro de Recursos da Terra do Governo de Idi Amin, morreu em um acidente de carro suspeito.
Oryema trabalha com músicos franceses e africanos. Sua discografia inclui os CDs "Exiled", produzido por Brian Eno, e "Beat the Border", que chega às lojas na próxima semana. Oryema lança seu terceiro disco em março.
Eles trazem uma combinação do pop com tradições de sua tribo -"acoli". "Transito entre essas fronteiras. Desde pequeno toco 'nanga', espécie de cítara de sete cordas, e 'lukeme', que parece com antigos instrumentos egípcios. Em Uganda crescemos ouvindo pop britânico. Escolhi elementos dos dois lados para criar uma identidade musical", diz o guitarrista e percussionista.
Apesar de apadrinhado por Peter Gabriel, Oryema, se aborrece com a etiqueta da "world music". "Não me sinto confortável com esta expressão. Música é do mundo mesmo. Foi a primeira discussão que tive com Peter. Ele concorda comigo. Mas é a abordagem que Peter e o Womad (promotora dos festivais World Music of Arts and Dance) criaram. Traz uma plataforma para que possamos provar músicas e talentos de todos os lugares", afirma.
O guitarrista Jean-Pierre Alercen acompanha Oryema há três anos. "É uma super fusão. E tenho total liberdade para tocar como sinto", diz Alercen. Cinco das dez faixas do disco "Beat the Border", que tem produção de David Botrill (o mesmo de Peter Gabriel e Pink Floyd) traz nos títulos expressões no dialeto "acoli".
"É um dos 30 falados em Uganda. A diversidade cultural da África e do meu país é a mesma que você encontra na França, ou em qualquer lugar. Bordeaux é diferente da Normandia, que é diferente da Provence", afirma. Casado com a francesa Danise Orange, com quem tem dois filhos, Oryema vive hoje em Lillebonne, na Normandia.

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