São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
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Melhor, só depois

O amplo painel de opiniões recolhidas por esta Folha junto ao empresariado, durante a cerimônia de inauguração de seu novo parque gráfico, traz uma boa notícia, outra razoável e uma terceira ruim.
A boa notícia é que as previsões dos empresários para 96 são bastante coincidentes, o que indica uma unidade de pontos de vista. Pena que, na média, o empresariado não possa esperar mais do que um crescimento razoável (4,1%). Não é um número de sonhos, mas será, se confirmado, um resultado satisfatório, ainda mais considerando-se que o controle da inflação necessariamente impõe limites à expansão econômica simultânea.
A má notícia é que há uma notável coincidência de opiniões em torno das dificuldades que a economia atravessará durante todo o primeiro semestre. Mencionaram um primeiro semestre fraco representantes dos mais diferentes setores empresariais. Somar a notícia razoável à ruim equivale a afirmar o seguinte: a situação econômica tende a continuar difícil antes de melhorar na fase final do ano.
Nesse ponto, é forçoso deslocar a análise para o território da política. A insatisfação de inúmeros setores econômicos e sociais com os freios aplicados à economia, depois da explosão do primeiro trimestre de 1995, já está causando protestos. É lógico prever que o volume de protestos se tornará ainda mais forte se se confirmar a expectativa de que a travessia rumo a um cenário melhor será demorada.
Parece razoável imaginar que o governo só poderá conter o aumento do descontentamento se tiver conseguido avançar muito mais do que até agora nas reformas de reordenamento das contas públicas. Na prática, serão elas que estenderão -ou não- uma ponte entre o curto prazo difícil e o médio prazo mais risonho que o empresariado está antevendo.

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