São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Júri condena 1º acusado do "caso Magave"

ESTANISLAU MARIA

ESTANISLAU MARIA; MARIO GIOIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

MARIO GIOIA
O Tribunal do Júri de Oiapoque (600 km ao norte de Macapá) condenou Orival Quaresma Ferreira a 66 anos e quatro meses de prisão pela chacina de cinco agricultores em 1994 na fazenda Campo Grande, na cidade de Amapá (320 km ao norte de Macapá).
Por receber pena superior a 20 anos, Ferreira (o "Sereia") tem direito a um novo julgamento, que será marcado para o próximo ano. Após o segundo julgamento, ele ainda pode recorrer da sentença.
O crime foi motivado por conflitos agrários na região. Segundo a acusação, a morte dos donos da Campo Grande, a família Magave, foi encomendada para que a área, em disputa, fosse ocupada.
Em 4 de fevereiro de 1994 foram mortos Áurea de Castro, 62, Nadir Magave, 92, Iracy Magave, 68, Osmar Magave, 62, e Alcides Magave, 65, dentro da fazenda. Os corpos foram esquartejados, exceto o de Iracy.
Os outros acusados, Alfredo Lobato, Ronaldo Santiago da Costa e Gilberto Rodrigues da Silva, começaram a ser julgados às 15h de ontem (horário de Brasília).
Os julgamentos foram separados porque os réus têm advogados diferentes. Entidades de defesa de direitos humanos e cerca de 200 pessoas assistem ao julgamento no ginásio de esportes de Oiapoque.
Segundo o Ministério Público, Ferreira contratou Lobato, Costa e Silva para matar os Magave.
Segundo o promotor Paulo da Veiga Moreira, Ferreira era motorista de Aderbal Limeira Távora, dono da fazenda Santa Clara, vizinha à Campo Grande.
Távora é acusado de ser o mandante do crime. Ele responde ao inquérito em liberdade e deve ser julgado no próximo ano. O advogado de Távora, Cícero Bordalo Júnior, defendeu Ferreira.
Outro acusado, Miguel Rodrigues Alves, está preso em Macapá e deve ser julgado em 1996.
O julgamento de Ferreira durou 39 horas. A sentença foi dada à 1h de ontem (horário de Brasília). Foi condenado a 63 anos e quatro meses por homicídio múltiplo qualificado (com crueldade) e mais três anos por ocultação dos corpos.
As sentenças de Lobato, Costa e Silva devem sair até sábado. A Agência Folha não conseguiu localizar o fazendeiro Távora.

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