São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Dono de academia vê show de camarote

Prédio tem melhor visão do palco

ALESSANDRA BLANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

O dono da academia Combat Sport, Arnaldo Pereira da Silva, 44, já tem garantido o melhor lugar para assistir ao show de Caetano Veloso.
A academia de Silva fica no quinto andar do edifício Zico, localizado exatamente na esquina da Ipiranga com a São João, em frente ao palco.
No sexto andar do mesmo prédio, Silva tem também uma loja de fisiculturismo com janelas também voltadas para o local onde Caetano vai estar cantando.
Hoje, ele deve abrir a academia normalmente até as 17h. Após esse horário, deve dispensar os alunos e ficar apenas com a mulher, a filha, o irmão e três funcionários nas janelas para ver o show. A cerveja já está reservada na geladeira.
"Muita gente me pediu para ver o show daqui, mas não posso permitir. Tenho 250 alunos e se deixar um ficar tenho que deixar todos. Mas, se tiver pouca gente no final do expediente da academia, acabam ficando", disse.
Silva se diz um "amante" da MPB. Sua música preferida: Sampa. "Não é só por causa da ocasião. É que lembra minha infância, que passei brincando nesta esquina."
Essa não será a primeira vez que Silva terá contato com Caetano Veloso. Várias vezes já viu o cantor passando pelo mesmo local onde vai estar hoje, mas nunca o viu cantando "assim, ao vivo", apesar de se dizer um fã.
Silva frequenta a esquina da Ipiranga com a avenida São João há pelo menos 40 anos. Seu pai foi dono da Banca do Gaúcho, uma banca de jornal que ainda existe também nessa esquina.
"Desde menino vinha ajudar meu pai e a partir dos 15 anos fiquei trabalhando aqui à noite. Todo esse pessoal frequentava nossa banca. Eles vinham pedir caneta emprestada para acertar os shows e decidir quem participaria da banda", disse.
Os músicos, segundo Silva, frequentavam o bar Avenida, onde hoje é o KFC (Kentucky Fried Chicken). No lado oposto da São João, funcionava o Jeca, frequentado por artistas de teatro.
O Brahma era o local dos "cinquentões engravatados" e o Parreirinha, reduto de jornalistas e delegados. Cada um dos bares ocupava uma das esquinas do cruzamento Ipiranga-São João.
(ABl)

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